Trata-se da foto de uma montanha coberta de neve que um piloto de guerra, que fotografava o campo inimigo, no espaço aéreo de um lugar que não me lembro, ao revelar essa foto percebeu que nela se mostra uma imagem do Cristo.
Se demoramos a enchergar a realidade que está diante dos nossos olhos, imagine o nosso ponto de atraso na escala espiritual?
Logo pela manhã costumo ler um item do Evangelho Segundo o Espiritismo logo depois de orar. Vou lendo na sequência, e não como minha mãe fazia que abria a esmo e na verdade, aquilo sempre me irritou pois sempre caia na mesma página, até quando escolhíamos um número mentalmente, lá ia a bendita página, até o número era memorizado onde uma senhora riquíssima subia até a mansarda(?) e distribuia alimentos e roupas enquanto a carruagem ainda cheia de víveres, a aguardava ao pé do morro (como se isso fosse viável em qualquer época, era o que eu pensava), e ainda depois ela ia visitar no hospital o chefe da família(!) Com todo o respeito ao Evangelho, pois não podemos esquecer que foi escrito em1864 e da página em questão, com a sua beleza poética; mas eu ainda criança (tenho mais de sessenta agora), já entrava em conflito com a minha mãe sobre aquela página que "não cabia" nos nossos tempos (aqueles em que éramos felizes e não sabíamos, começo dos anos sessenta, até antes) e cada dois ou três dias ela voltava para ser lida, a página em questão novamente! Eu me sentia sinceramente constrangida por não fazer nada parecido, como se fosse cobrada por Deus todos os dias, e me frustava na raiva. Anos depois descobri que ela fica praticamente no meio do livro, daí para quem abre a esmo as possibilidades aumentam generosamente em acertá-la e não que ela fosse dirigida "para mim específicamente".
É que minha mãe sempre me dizia: "essa página é para ti", principalmente quando caía na
"A Ira"... essa realmente era para mim, reconheço.
De tanto ler essa "página da carruagem", que na verdade fala também, que a mãe dava o exemplo para a filha (mas não a deixava contribuir com a atividade, só acompanhar e olhar, para aprender, pois "ela nada tinha a dar de seu"), também era um item irritante na minha criancisse. Eu pensava: tudo que tem na minha casa não é meu também, por que não posso dar? Não é de todos nós, da minha família?
Como posso ser "cobrada" de uma coisa que nem posso fazer? Eu pensava sempre e eu senti muita culpa, talvez ainda sinta de não corresponder as espectativas de Deus.
Minha mãe sofreu anos de colicas biliares, colicas de vesícula, uns quinze anos pelo menos. Ela rolava na cama e se contorcia e gemia, com dores horríveis, meu pai corria até a farmácia e lá vinha com o "farmacêutico" e um "sossega leão" violento, até morfina ela tomava, a coitada sofreu até uma semana depois que eu casei, em 1966, quando teve outra crise violenta e foi levada para o hospital na "marra", com o Gilberto "portando" uma arma na cintura, como sempre andava, pronto para "resolver" de uma vez por todas a questão.
Naquele tempo, essas coisas também aconteciam. Daí ela foi operada as pressas e retiraram-lhe finalmente a "maledetta" vesícula que lhe fez sofrer tanto, portando nada menos que 15 pedras, se fosse crack devia valer uma fortuna; mas brincadeiras a parte, foi realmente um sofrimento para ela e para todos nós, que ficávamos impotentes, anos seguidos, diante daquele sofrimento, porque lá em casa quem mandava era ela, e ela achava que não devia ir ao médico.
Como estava dizendo, essas crises duravam alguns dias e enquanto não passava a crise ela tomava as injeções para dor, sempre aplicadas por um vizinho que sabia fazer isso, o Seu Calico, que Deus o tenha também..
Dai que ela resolveu, antes dos meus dez anos de idade, que eu iria aprender a fazer injeções para poder de alguma forma, retribuir aqueles favores que o vizinho prestava todas as vezes que ela entrava em crise, na maior boa vontade e sem cobrar nada.
Aos 13 anos comecei a trabalhar na farmácia de um parente (pessoa de quem eu guardo muito carinho e que me ensinou coisas muito valiosas que trago pela vida, com respeito ao trabalho e a lidar com o público; Onde estiver na espiritualidade, Moretto, receba a minha sincera gratidão).
Pois bem aos 14 anos(!) eu já aplicava injeções nos músculo e na veia e muito bem, por sinal. Aprendi primeiro na observação, orientada por um colega, um senhor já mais velho, e depois? Sim!!! Diretamente no braço do primeiro cliente que apareceu. Era assim que funcionava, o que vou fazer? E eu ainda sabendo da responsabilidade do que era, o ato de aplicar injeções, ainda fui ler a respeito numas bulas que acompanhavam algumas injeções, e fui olhar alguns desenhos que traziam a forma certa e o lugar certo de aplicar a agulha, mas até hoje tem gente que treina numa laranja, como ouvi dizer. Céus!
Ainda semana passada tomei a vacina dos idosos e tenho certeza de que a mulher que me aplicou a vacina, aprendeu numa laranja velha. Uiiiii!
Pois é continuando...
Daí a minha mãe começou a falar para um e outro que eu aplicava a injeção e de graça! Todos os meus colegas da farmácia faziam um dinheiro "por fora", aplicando injeções na vizinhança (não esqueçam que estão no começo dos anos sessenta), e eu tinha que aplicar "de gratis", por que a minha mãe fez uma "promessa" de gratidão. E nós sempre vivemos numa pobreza franciscana.
Certo dia cheguei do trabalho, provavelmente na TPM, com o "sakochey" da vida e de tudo, querendo morrer e matar, e ao entrar em casa tinha um recado para eu subir no morro e fazer uma injeção em não sei quem, arrumado pela minha saudosa mãe. Eu fui é claro, sempre a obedecia cegamente, não tinha cérebro naquela época, quando cheguei lá, não sei se era eu que não estava legal, achei as pessoas com ar debochado, usufruindo a "mordomia" de tomarem uma injeção em casa na boa, sem o trabalho de ir até a farmácia e ainda não pagar, eu sei lá. Ahhhhh, mas eu desci aquele morro feito uma "negafuriosa", querendo furar os olhos do primeiro que me desce boa noite e fui para casa. Chegando lá disse para minha mãe com todas as letras que não faria mais injeção em ninguém que ela me arrumasse assim, do nada, gente que nem conhecíamos. Que eu não faria mais isso, até porque, quem fez a promessa foi ela e não eu, então eu não tinha compromisso nenhum, no que o meu pai me apoiou prontamente, e até me contou que a madrinha dele fez uma promessa para ele sair na procissão vestido de "Senhor dos Passos" uma procissão muito importante em Florianópolis e ele se negou veementemente, usando o mesmo argumento (eu ate hoje morro de rir, imaginando o meu pai vestido "a caráter", com 13 anos, numa procissão, totalmente deslocado, e mergulhado num mau humor de adolescente; quem o conheceu, sabe do que estou falando," tolerância Zero" começou ali).
Pois é continuando, dá para ver que pela vida a fora eu me rebelo com certas coisas, mas o passar do tempo e em consequência da idade e a experiência, fazem a gente ver o mundo sobre outros angulos e até tira a gente do "círculo de giz" e nos ajuda a ser menos egoistas e egocêntricas.
Dai que continuo com o hábito de orar pela manhã e ler o Evangelho e hoje li pela enésima vez a página sobre a Necessidade da Reencarnação item 25, que pergunta:
"É um castigo a encarnação e somente os espíritos culpados estão sujeitos a sofrê-la?"
E a lição que li me fez lembrar de tudo isso acima, e mais um pouco, mas o que principalmente me leva a escrever esse emaranhado de informações, é que ao orar todos os dias peço que me sejam abertos os meus canais intuitivos e perceptivos e que eu possa ao escrever conseguir passar os ensinamentos de Jesus com alegria e emoção, que uma frase apenas que seja, possa tocar nos corações que me lêem, não que eu faça isso por vaidade, mas pelo prazer de fazer, de ajudar, trocar experiências e idéias com outras pessoas e ainda mostrar como a vida é multifacetada. Assim, fiquei pensando e repensando alguns momentos, depois da minha leitura e cheguei a conclusão que de uma forma ou de outra, segui a promessa que minha mãe fez, de servir e devolver as pessoas o bem que havíamos recebido com seu pronto atendimento, naquelas horas de dor.
Assim eu peço humildemente a Deus, que o que escrevo faça alguém pensar, sorrir, aliviar a tristeza, a sua dor, ou talvez simplesmente comover até a lágrima rolar.
Estou lançando um outro livro, um outro romance brevemente, provavelmente mês que vem e vai se chamar As Senhoras da Valsa e o que espero é que ao lerem mais esta história de minha autoria seus corações e suas "dores" se acalmem e usufruam da paz de uma singela mensagem.
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