quinta-feira, 19 de março de 2020

Armadilhas Orientais

                                     Armadilhas Orientais
Acordei não tinha amanhecido e o sol apenas despontava.
Ao sair da cama vi que o Otávio estava concentradíssimo diante da tela do computador e falava algo que eu não entendia.
Cheguei mais perto e vi que ele estava concentrado numa vídeo conferencia com um Chinês, na verdade um Mandarim, o que me causou espanto para os tempos atuais, mas vindo da criatura peluda dos olhos amarelos, nada mais me admira.
Enquanto eu passava o meu café para acordar e pegar no tranco, ele apareceu ali na cozinha, meio ressabiado e pensativo.
- Bom dia para você também, e o que foi agora, qual é a do dia?
Perguntei sem querer saber na verdade, pois boa coisa não seria.
- Eu estava conversando, trocando umas ideias, com meu amigo Chinês, o Ting.
- E desde quando você fala Chinês?
- Mandarim!!! E desde sempre, claro!
- Sim, claro, desde sempre, como pude me esquecer desse detalhe? E o que ele queria?
- Na verdade eu é que queria negociar com ele, mas ele não aceitou porque não está dando conta da demanda...
- Negociar, o quê, meu ilustre poliglota?
- Eu queria comprar o esquema da armadilha do Vírus Coroado e fazer uma aqui para nós, ele me disse que ela tem um raio de abrangência equivalente a um Campo de futebol ou um pouco mais até, aliás foi ele que conseguiu dominar o vírus lá para aquelas bandas só com a implantação das armadilhas, começou dentro daquele hospital que construíram em duas semanas e já até demoliram de tanto que deu certo. As energias que emanam da armadilha são tão fortes que torram os vírus que estão no ar, voando, em segundos.
- Não sei por que agora me lembrei daquelas raquetes de matar mosquitos que a gente compra no Camelô e só duram alguns dias, até a pilha acabar e faz um barulhinho tipo Ziiiipp, ziiipp...
-Não dá mesmo para atualizar você com as novas altas tecnologias do Oriente e já vem você avacalhando com tudo...
- Eu? Que ideia, eu nem falo Mandarim...

E lá foi ele para os lençóis já que estamos em reclusão social e não há muito o que fazer...


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