sexta-feira, 28 de junho de 2013

Catadores de Coquinho

                                           Catadores de Coquinho
O líder sindical dos trabalhadores da Empresa Catadores de Coquinho S.A. convocou a todos através de memorando para comparecerem no horário da ginastica matinal, que antecede o trabalho, a uma rápida reunião para listarem as suas reinvindicações a serem discutidas em assembleia a ser marcada para a próxima semana.

Todos reunidos houve uma rápida chamada e pedido de leitura de suas reinvindicações.
No total, depois de uma série de ideias expostas, prevaleceram algumas que se repetiram ao longo da chamada e, por conseguinte foram se tornando os itens de interesse comum a serem reivindicados.
Primeiro item: Permissão para catar coquinhos apoiados em um ou dois joelhos, porque só abaixados ninguém merece...

Segundo item: Troca da cor do macacão/uniforme de trabalho da cor camuflada para a cor verde malva e gola rosa claro.

Terceiro item: Mudança no cardápio da marmita oferecida pela empresa, de comida japonesa nas quartas feiras, para a tradicional Comida Mineira. Até porque catar coquinho tira a habilidade de comer de pauzinho.

Quarto item: Recolher assinaturas para instaurar um plebiscito para promover a retirada da Presidenta dos Catadores de coquinho antes que seja tarde e ela se aposente com pensão vitalícia de catadora de coquinho, profissão essa que ela nunca exerceu e nem tem ideia de como se faz, mas devia...

Dito isto, o líder sindical se retirou satisfeito com o retorno dos trabalhadores que se propuseram a comparecer à assembleia geral ordinária no dia 5, na sexta feira da próxima semana, para votarem e decidirem o melhor para eles, não sem antes levantar a mão fechada para cima e gritar:
“Catadores de coquinho unidos, jamais serão vencidos”.

terça-feira, 25 de junho de 2013

Dois meses

Dois meses...
Já se passaram sessenta dias, exatamente ao bater as doze badaladas do sino ao meio dia deste dia 26 de junho de 2013 da partida do meu filho Beto para a espiritualidade.
Dois longos meses, uma eternidade para quem não o viu mais e nem o verá tão cedo.
O vazio é enorme e aumenta a cada momento em que me deparo com suas fotos, seus pertences, seu lugar, com a presença de sua ausência...
Há dois meses, enquanto os sinos soavam as doze badaladas do meio dia, ele subiu nas asas do seu anjo guardião para morar mais perto de Deus.
Peço ao Pai que te cubra de bênçãos filho querido, e que estejas muito bem, caminhando na espiritualidade em parques de Amor Divino, o teu lugar de morada agora.
Que sejas envolvido na Luz Branca do Cristo e recolhido ao regaço de Maria Santíssima.
Deus te abençoe onde estiveres meu filho amado.

sábado, 22 de junho de 2013

A fantasia

                                                                  A Fantasia
Maria Odila vivia pesquisando na internet e perguntando para um e outro, como daria para resolver o problema dela, um problema até mais comum do que se pensa, mas que para ela já se tornara um pesadelo, uma verdadeira obsessão.
Ela queria conhecer um extraterrestre pessoalmente, talvez até ser abduzida, conhecer outros seres de outros planetas, esta era a sua fantasia de consumo; ser abduzida.
Quando havia um simpósio sobre o assunto ela era uma das primeiras a se inscrever. E lá ia se informar do que estava acontecendo com os visitantes do universo e seus quintais.
Certo dia enquanto ouvia uma palestra sobre aparição de óvnis, muito bem atenta, ouviu uma voz vinda do assento de trás, bem na sua orelha que lhe causou um arrepio e que lhe percorreu toda a espinha dorsal. Aquela voz morna lhe perguntava ao pé do ouvido se poderia se sentar ao seu lado na cadeira vaga, e ela prontamente lhe afirmou que sim, que poderia.
Muito emocionada acomodou-se melhor na própria cadeira e encantada com aquela voz forte imaginou logo que aquele deveria ser um entendedor de extraterrestres e óvnis. E não deu outra, ele era um locutor de uma rádio, onde fazia um programa sobre o assunto, com alta audiência, diga-se de passagem.
Logo que acabou a palestra, foram tomar um café e se conheceram melhor. Ele então ficou sabendo dos seus anseios em conhecer um extraterrestre e riu muito com ela ao perguntar-lhe o porquê de tanta curiosidade, o que eles deveriam ter de diferentes por baixo daquela malha fina que usavam para se protegerem? A cor da pele, talvez, ela respondeu.
Ela lhe segredou que havia sonhado certa vez que havia encontrado um e que ao retirar aquela malha, aquela vestimenta que ocultava até os olhos ela se deparou com um ser azul cintilante e talvez seja por causa desse sonho que ela ansiava por conhecer um pessoalmente.
Saíram dali e continuaram a amizade pela semana seguinte até que certo dia ela o convidou para subir até o seu apartamento. Lá colocou uma música suave, abriu um vinho e a situação começou a ficar interessante quando ele começou a retirar uma fina luva de tecido igual à pele humana que encobria totalmente as suas mãos e deixou aparecer um par de mãos azul cintilante o que ocasionou um imediato desmaio em Maria Odila.
Ao acordar estava sozinha na própria sala, com a garrafa de vinho vazia e o sol entrando pela janela daquele maravilhoso dia de feriado...

sexta-feira, 14 de junho de 2013

Pensamentos em tons de cinza

                                             Pensamentos em tons de cinza
Mais um final de semana que chega quase repentinamente e me faz pensar na velocidade do tempo. Todos falam que o tempo corre e o pior é que, como todo mundo sabe, ele não corre, ele é estático, ou melhor, ele não existe.
Caminhamos em direção ao que chamamos de futuro, mas na verdade estamos parados também, tudo acontece ao nosso redor no presente, a cada momento acontece “o presente”. E assim os dias passam acelerados, amanhece e anoitece. Coisas acontecem e nada muda na rotina básica do planeta, que é girar em volta do sol e de si mesmo.
Que coisa chata de pensar, pois isso me leva ao nada, esse nada que toma conta da minha vida. Espero o dia nascer e o sol se por como se nada mais houvesse para fazer ou viver. Um dia de cada vez apenas isso. Queria voltar a escrever com graça e irreverência, mas perdi o bom humor. Não consigo rir nem de mim mesma, que dirá de dar uma gargalhada daquelas que vem das entranhas do diafragma.
Não posso dizer que me sinto infeliz, isso não. Procuro a cada dia aceitar o que Deus e o destino me reservaram, mas o vazio permanece. Por alguns momentos, talvez algumas horas já consigo me envolver com outras coisas e me distrair, mas logo murcho novamente por dentro e um marasmo toma conta de mim.
Neste período aguardo uma mudança literal de casa, porém está demorado mais do que gostaria, pois assim me ocuparia dos preparativos e arrumações, talvez a volta em me interessar em colocar algo aqui, uma cortina ali, almofadas novas sei lá, coisas simples que normalmente mulher gosta, mas ao mesmo tempo uma preguiça enorme me envolve e eu fico aqui vendo a televisão sem prestar muita atenção ou entro no Face book para ler as “abobrinhas”. Às vezes me determino a ir guardando objetos e livros, encaixotando, as coisas e separando outras, mas quando chego lá, não me animo e volto sem ter feito praticamente nada.
Escrevi isso porque acho que preciso continuar escrevendo mesmo que seja mais um depoimento sem sal, mais para não parar...
E assim estou, aguardando acordar para a vida, para o viver.
 

domingo, 9 de junho de 2013

Crime no avião.

                                                                Crime no avião
As manchetes dos jornais traziam a notícia em letras garrafais; “Passageiro morre em voo e suspeita-se de assassinato”.
A companhia aérea não quis se pronunciar sem que antes houvesse um laudo técnico.
Todos os passageiros e tripulação foram intimados a depor. Total descrição foi conseguida pela companhia aérea para o caso, até porque no mesmo dia estourou mais um escândalo politico o que veio a facilitar o rápido esquecimento sobre o assunto.
Relembrando o dia do voo ou mais precisamente o dia do crime, aquele passageiro, Senhor Gumercindo das Dores Silva, chegou ao saguão do aeroporto para o check-in extremamente irritado. Já chegou falando alto e reclamando da morosidade de atendimento. Ao chegar a sua vez praticamente jogou a mala sobre a balança e reclamando alto falou com rispidez para a atendente de balcão, criando imediatamente um constrangimento geral.
- Senhor Das Dores, sua mala está com excesso de peso, ultrapassou os 23 kg e é preciso pagar a diferença...
- Eu não vou pagar diferença nenhuma, por causa de algumas gramas não vou pagar este absurdo!
Falou alto e rispidamente.
- Se o Senhor não pagar ou retirar o excesso de peso o Senhor não irá embarcar, é norma da empresa, compreenda.
Falou com firmeza a atendente de balcão.
Durante alguns intermináveis minutos eles se enfrentaram, porém venceu a funcionária da empresa e o Senhor Das Dores teve que desembolsar a bendita diferença, não sem emitir um sonoro e resmungado palavrão.
Dali a poucos minutos ele entrava na aeronave bufando e com visível mau humor.
Entrou pelo corredor empurrando as pessoas causando outro constrangimento até que um comissário de bordo o colocou em seu assento e lhe pediu calma e cooperação, o que já lhe rendeu mais uns resmungos inteligíveis enquanto acomodava sua bagagem de mão no maleiro sobre a cabeça.
Seu assento ficava bem atrás e no corredor o que lhe permitia respirar melhor, porém nada o fazia se acalmar. Assim que o avião decolou ele pediu água à comissária de bordo para tomar um comprimido que retirou de uma pochete amarrada à cintura e tomou logo três e em seguida dormiu feito um bebe, até babando na gola. Tanto que os passageiros do centro e da janela passaram para o corredor com muita dificuldade já que ele não acordava, porém foram informados pela comissária, e confirmaram o que viram que ele havia tomado vários comprimidos. E assim foi o voo de duas horas e meia até o destino.
O desembarque aconteceu de forma normal não fosse aquele passageiro que não acordava. Foram chamados os paramédicos para o pronto atendimento e qual não foi a surpresa ao atestarem sua morte.
Dai começaram os depoimentos e a maioria atestava os seus destemperos diante do balcão e dentro da aeronave.
Meses de investigação intensa se passaram até que um dia em que o avião se preparava para levantar voo, entram pela porta que iria ser fechada em seguida, dois agentes policiais apresentando suas credenciais e prendem uma das comissárias de bordo. Algemaram a moça e ela sem reagir deixou-se levar mansamente.
Final da história;
Ela colocou um veneno poderoso na água que o passageiro, Senhor Das Dores pediu e o matou sem nenhum sentimento de culpa. Ela o fez por ser irmã gêmea da atendente de balcão que poucos minutos antes do embarque havia lhe contado o quanto foi humilhada por aquele passageiro grosseiro, daí a um momento de vingança foi um passo. O veneno ela trazia em sua bolsa para uma possível emergência (?!). Foi o que declarou.

sábado, 1 de junho de 2013

Hoje é 1º de Junho!

                                                 Hoje é 1º de Junho.
Durante a minha vida toda, enquanto meus pais eram vivos sempre os ouvi comemorar com alegria o dia primeiro de junho, dia em que se conheceram no começo do século passado, lá pelo começo dos anos 30.
Meu pai com aquele seu jeito romântico falava que para ele esse dia era mais importante do que o aniversário de noivado, casamento, bodas ou qualquer outro, pois era a data “em que tudo começou”, e não é que estava certo?
Minha mãe, toda sorridente, contava que meu pai , “homem da cidade” (ela morava numa praia, num lugar considerado sítio), tinha chegado de Santos onde morou por um tempo e ao voltar foi com alguns amigos ao baile de aniversário do Clube 1º de Junho, que por sinal existe até hoje no município aqui ao lado de São José, de onde minha mãe era nativa.
Pois bem, ela contava que nos festejos do clube, o auge era o baile que usava uma estratégia interessante para aproximar os bailantes daquela época.
Ao chegarem ao salão as pessoas descompromissadas recebiam uma parte de uma trova e durante o baile deveriam encontrar a outra parte da trova na mão de um mancebo ou donzela. Sempre como condizia com a época, os pares héteros, é claro. Homem com mulher e vice versa.
Ao completarem o versinho encontravam o seu par e ai tinham a oportunidade de se conhecerem. Devia ser bem animado o evento, pois como contava minha mãe, o problema era quando um achava o outro feio, horrível, baixinho e por ai vai. Até ai já era divertidíssimo só essa parte.
Daí aconteceu que meu pai quando chegou ao baile viu minha mãe e quis conhecê-la imediatamente e como dizia todo sorridente, se apaixonou à primeira vista e logo foi em busca do outro pedaço de verso que correspondia a complementação do que a minha mãe havia recebido. Até que descobriu "o figura” que estava de poder do mesmo e o comprou por uma garrafa de cerveja e foi aí que tudo começou, dançando a noite toda todas as "marcas", como se falava.
Casaram meses depois e formaram uma família da qual me orgulho de pertencer.
Viveram felizes até meu pai falecer em 1977. Minha mãe faleceu em 1995.
Feliz 1º de Junho!!!♥♥