domingo, 9 de junho de 2013

Crime no avião.

                                                                Crime no avião
As manchetes dos jornais traziam a notícia em letras garrafais; “Passageiro morre em voo e suspeita-se de assassinato”.
A companhia aérea não quis se pronunciar sem que antes houvesse um laudo técnico.
Todos os passageiros e tripulação foram intimados a depor. Total descrição foi conseguida pela companhia aérea para o caso, até porque no mesmo dia estourou mais um escândalo politico o que veio a facilitar o rápido esquecimento sobre o assunto.
Relembrando o dia do voo ou mais precisamente o dia do crime, aquele passageiro, Senhor Gumercindo das Dores Silva, chegou ao saguão do aeroporto para o check-in extremamente irritado. Já chegou falando alto e reclamando da morosidade de atendimento. Ao chegar a sua vez praticamente jogou a mala sobre a balança e reclamando alto falou com rispidez para a atendente de balcão, criando imediatamente um constrangimento geral.
- Senhor Das Dores, sua mala está com excesso de peso, ultrapassou os 23 kg e é preciso pagar a diferença...
- Eu não vou pagar diferença nenhuma, por causa de algumas gramas não vou pagar este absurdo!
Falou alto e rispidamente.
- Se o Senhor não pagar ou retirar o excesso de peso o Senhor não irá embarcar, é norma da empresa, compreenda.
Falou com firmeza a atendente de balcão.
Durante alguns intermináveis minutos eles se enfrentaram, porém venceu a funcionária da empresa e o Senhor Das Dores teve que desembolsar a bendita diferença, não sem emitir um sonoro e resmungado palavrão.
Dali a poucos minutos ele entrava na aeronave bufando e com visível mau humor.
Entrou pelo corredor empurrando as pessoas causando outro constrangimento até que um comissário de bordo o colocou em seu assento e lhe pediu calma e cooperação, o que já lhe rendeu mais uns resmungos inteligíveis enquanto acomodava sua bagagem de mão no maleiro sobre a cabeça.
Seu assento ficava bem atrás e no corredor o que lhe permitia respirar melhor, porém nada o fazia se acalmar. Assim que o avião decolou ele pediu água à comissária de bordo para tomar um comprimido que retirou de uma pochete amarrada à cintura e tomou logo três e em seguida dormiu feito um bebe, até babando na gola. Tanto que os passageiros do centro e da janela passaram para o corredor com muita dificuldade já que ele não acordava, porém foram informados pela comissária, e confirmaram o que viram que ele havia tomado vários comprimidos. E assim foi o voo de duas horas e meia até o destino.
O desembarque aconteceu de forma normal não fosse aquele passageiro que não acordava. Foram chamados os paramédicos para o pronto atendimento e qual não foi a surpresa ao atestarem sua morte.
Dai começaram os depoimentos e a maioria atestava os seus destemperos diante do balcão e dentro da aeronave.
Meses de investigação intensa se passaram até que um dia em que o avião se preparava para levantar voo, entram pela porta que iria ser fechada em seguida, dois agentes policiais apresentando suas credenciais e prendem uma das comissárias de bordo. Algemaram a moça e ela sem reagir deixou-se levar mansamente.
Final da história;
Ela colocou um veneno poderoso na água que o passageiro, Senhor Das Dores pediu e o matou sem nenhum sentimento de culpa. Ela o fez por ser irmã gêmea da atendente de balcão que poucos minutos antes do embarque havia lhe contado o quanto foi humilhada por aquele passageiro grosseiro, daí a um momento de vingança foi um passo. O veneno ela trazia em sua bolsa para uma possível emergência (?!). Foi o que declarou.

2 comentários:

  1. Fico na dúvida se é uma ficção, se é realidade, ou se é uma crônica baseada em fatos reais. Mas não importa, o que interessa é que está muito bom. Parabéns, amiga Clotilde. Um grande abraço.

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  2. Realmente meu amigo Marcelo Pirajá Sguassábia, você está certíssimo. Relendo o texto com isenção notei que estou ainda, pelas circuntancias , com o senso de humor travado e a criação um tanto truncada. O texto saiu como uma simples notícia de jornal, de qualquer jornal e não uma irreverente história que me veio à idéia quando viajei para a Europa agora a pouco.Obrigada meu amigo, são esses toques e dicas que eu preciso para melhorar o que escrevo. Com toda humildade um abraço grande.

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