sábado, 27 de junho de 2020

Gavetas de Lembranças

                               Gavetas de Lembranças

Quando resolvo abrir as “gavetinhas” do meu ser preciso estar preparada para o que vou me deparar. 
Dependendo do conteúdo fecho correndo e troco de pensamento, dou um tempo e volto a abrir outra gavetinha com outra data.
Ao último badalar do relógio, quando marca as 24 horas do dia do nosso aniversário, a gaveta é fechada e etiquetada à que ano pertence, para ser aberta e iniciada uma nova gaveta no mesmo momento para mais uma volta completa ao redor do sol.
Isso é geral, acontece com todo mundo. Cada um com suas gavetas. E o exemplo "gavetas" nem é ideia nova, desde que inventaram a primeira gaveta já se associou a divisão das nossas memórias em "gavetinhas".
Todo ser humano têm suas “gavetinhas” que são suas lembranças e experiências vividas guardadas na memória.
Eu sei e todos sabem disso, mas hoje, nesse dia de chuva e frio resolvi escrever sobre o assunto, espanar e guardar novamente o meu gaveteiro.
Todas as nossas gavetas mentais têm etiqueta e são subdivididas.
Daí que de vez em quando, quando alguma coisa acontece: uma palavra, um gesto, uma atitude de alguém, um acontecimento, um som, um cheiro aciona a chave de uma das nossas gavetas e imediatamente impulsiona como uma mola as nossas emoções mais bem guardadas e até quase esquecidas.
Algumas lembranças são perigosas para o nosso equilíbrio emocional e até causam medo ao voltarem à lembrança nos causando aflições e reacendem as emoções vividas. São verdadeiras brasas vivas até voltam a nos queimar. Já outras podem ser boas, algumas nem tanto, mesmo inofensivas. São apenas lembranças.
Algumas guardam anjos de asas ou sem elas, dragões em forma de gente, águas-vivas que parecem transparentes e inofensivas, mas nos causam muito mal, muitas dores até hoje quando voltam à lembrança; e até lobos ferozes cobertos de pele de ovelha que povoaram nosso mundo real ou imaginário, porém outras lembranças são doces e trazem perfumes e sabores reais como o de bolo quente, canja de galinha, cheiro de neném, de pão fresco saindo do forno, do mar e de grama molhada de chuva, de alfazemas...
Um afago em especial, um carinho de pai...
Outras guardam sons, sensações e emoções.
É interessante aproveitar para rever as lembranças e reavaliar nossos conceitos, nossas "verdades", perdoar e resignificar nossos valores, Aliviar nossa bagagem para quando sairmos desse "casulo" possamos voar com asas leves e transparentes.

Bom mais um "findi" na Pandemia de 2020

quarta-feira, 24 de junho de 2020

É dia de São João

                             É dia de São João

Eu saia do banho quando o interfone tocou. Era o porteiro avisando que o caminhão de entrega havia chegado e era para eu descer e receber a encomenda.
Antes que eu a encontrasse a “criatura peluda”, ao ouvir a minha conversa com o porteiro desceu na frente, de elevador. Eu corri atrás, de toalha enrolada na cabeça, de roupão de banho e chinelos de unicórnio desci pelas escadas pulando os degraus de dois em dois como uma rã assustada.
Realmente era um caminhão carregado de toras de lenha...
- Otávio!!! O que isso significa?
Gritei a plenos pulmões para ser ouvida na Cochinchina.
É claro que o Condomínio desceu inteiro para ver do que se tratava.
Em poucos minutos um grupo se formou e foi se mobilizando para denunciar a derrubada de árvores para o IBAMA, à Guarda Florestal e umas três ONG’s defensoras da Mata Atlântica e Amazônia.
- Rapaz; antes de devolver essa carga para onde veio, você vai me explicar para que comprou um caminhão de toras de madeira?
- Tudo bem, fica fria que eu explico; primeiro é bom que se diga que essa madeira é de reflorestamento, isso quer dizer que pode ser comercializada sem problema, depois, eu só queria fazer uma festa de São João com tudo o que tem direito; fogueira, quadrilha, milho e batata doce assados na brasa, amendoim, pipoca e tudo mais. Não sei por que tanto estresse!? Afinal estamos no mês de Junho. Eu em?

Pior é que essa criatura peluda e rebelde ainda têm “muita lenha para queimar”.

Vai uma batata doce com melado ai? Ou seria melhor encher a cara de quentão para desestressar?



quarta-feira, 17 de junho de 2020

Uma Boa Ideia; será?


                                 Uma boa ideia; será?
Otávio acordou cedo e veio me chamar para arrumar a sua mochila.
- Onde você pensa que vai agora, logo cedo? – Lhe perguntei sonolenta enquanto fazia um café para acabar de acordar nesse dia molhado e frio depois de uma noite chuvosa e gelada. –
- Preciso resolver um negócio urgente urgentíssimo!
- Só arrumo suas coisas se me disser antes o que pretende fazer...
- Vou fechar a compra de uma plantação de cana de açúcar que está em ponto de colheita.
- Para que alguém vai comprar uma colheita de cana em meio a uma Pandemia com direito a quarentena interminável e isolamento social, vai vender garapa pela internet?
- Que garapa o quê?! Depois que metade da população do mundo virou diabética e a outra metade faz dieta de calóricos, ninguém mais vende garapa, não dá para sobreviver vendendo garapa. Já andei me informando sobre tudo o que se refere à Cana de açúcar e seus derivados.
- Então vai fazer combustível?
- Não mulher, parece que bebe. Não vê que a hora de ganhar dinheiro agora, e é produzindo álcool em gel? O mundo todo está consumindo loucamente álcool em gel, ou “alquingel”, como se fala por ai, e eu não vou perder essa oportunidade...
- Mas você não acha que já tem gente demais produzindo “alquingel”, pararam de fazer até açúcar, acho até que nem tem mais para vender nos mercados, está ganhando do papel higiênico...
- Mas eu não vou fazer um “alquingel” qualquer; já pensei e planejei tudo. Vou fazer em vários perfumes: de Alfazema, Canela, Cravo, Limão, Maçã verde...
Enquanto eu tomava o meu café olhando pela janela e vendo o dia clarear fiquei pensando que até que podia ser uma boa ideia...
- Vou voltar a dormir e daqui a dez minutos eu levanto de novo para começar o meu dia e apagar este momento de delírio, acho que sonhei isso...
Vai alquingel “Cheiros e Sabores” ai?