Sessões Oníricas
Hoje acordei muito cedo, passava um pouco das cinco e
meia da madrugada. Olhei pela janela e vi que nem o galo apareceu para acordar
o sol.
Pensei com minhas pantufas de unicórnio, o que eu faria
àquela hora tão cedo? O sono se escafedeu entre as nuvens escuras do horizonte
e me avisou que não voltaria antes da meia noite.
O jeito foi ir para a cozinha passar um café e pensar
na vida, na pandemia e no isolamento social. O bom é que o vírus estava sendo
escorraçado com todas as honras e havia mais curados do que finados.
Diante da minha caneca rosa, cheia de café quentinho
passado na hora, eu fui me deixando envolver lentamente no acordar do dia e
seus sons. Um pássaro madrugador gritava bem-te-vi para outro que respondia o
mesmo. Um galo acordou finalmente, mas calou na hora, talvez, tenha levado com
uma “havaiana” pela crista para não acordar a vizinhança que dormia.
Ali, sonhando acordada, apreciando a natureza ainda na
penumbra do amanhecer, me dei conta que a criatura peluda de olhos amarelos me
observava, em silêncio como se uma coruja fosse.
- Bom dia para você também.
Falei para ele que escabelado continuava me observando
em silêncio com se estivesse em transe.
- Fale para eu ter certeza que não estou vendo o seu
fantasma. O que se passa?
- Tive um sonho horrível, estava mais para pesadelo...
Falava lentamente como se ainda não estivesse
totalmente acordado, o que me fez passar a mão e ver se estava com febre.
- Conte o sonho então para que saia desse transe
esquisito.
- Então, eu sonhei que um vírus atacou a terra...
- Outro? Mais um ninguém aguenta...
- Calma afobada, foi um sonho, se quiser ouvir fica
calada...
Parou pensativo e quando eu ia mandar continuar ele me
lançou um raio de olhar quase fulminante que tive de calar na hora e só ficar
escutando.
- Pois é, como eu dizia sonhei que um vírus, o Capilar-vírus
se abateu na terra e foi um desastre. Todos acordaram carecas, totalmente
despelados, até eu me via nu circulando pelas ruas entre muitos iguais.
Estabeleceu se então para o bem dos olhos alheios que todos ficassem em casa
até que a pandemia se extinguisse e tudo voltasse ao normal...
- E ai?
Ai que após um período o vírus capilar foi extinto com
um produto para queda de cabelo, sabe aquela teoria de que veneno de cobra se
mata com veneno de cobra? Foi o que os cientistas fizeram e adivinhe? As fabricas
não davam conta de fazer o produto, muitos eram falsos e não faziam o efeito
esperado e as lojas e farmácias não tinham mais para vender o produto original.
A china ofereceu um invento, mas acharam melhor não arriscar, pois poderiam
cair mais coisas de ação indesejáveis. Nunca se sabe.
- E como acabou o sonho?
- O desgraçado do galo do vizinho cantou e eu
acordei...
Tomamos mais uma caneca de café imaginando todo mundo
pelado e de máscara em tempos de pandemia...
Esse coronavírus faz “côsa”...
Fala para o Otávio gelar a cabeça, os gatos estão imunes. E têm sete vidas.
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