A Banheira
Otávio não está falando comigo há dias, recolheu-se aos
aposentos, seus lençóis de linho egípcio, e não está para ninguém.
Até quando isso vai durar não sei, não faço ideia, só
os deuses dirão a quem interessar possa.
Tudo aconteceu na semana passada quando resolvi passar
dois dias numa estação de águas termais, não muito longe daqui.
Era uma segunda feira ensolarada e acordei com vontade
de me banhar em águas radioativas, então me dirigi a um pequeno e antigo hotel
onde costumo me hospedar com certa frequência.
É claro que tive uma longa conversa com a criatura
peluda, de olhos amarelos antes de sair explicando aonde eu iria e avisando que
ele se comportasse na minha ausência que seria breve. Recomendei-lhe que
dormisse como de costume para que o tempo passasse rápido e ele nem sentisse as
horas passarem.
Após as recomendações de praxe, de que tivesse juízo e
se comportasse, saí bela e fagueira, sob o céu de anil e o calor de fevereiro,
rumo a estação de águas termais.
Menos de quarenta e oito horas depois eu já estava de
volta ao lar feliz renovada e contente até eu sair do elevador rumo ao meu
apartamento; quando me dei conta andando pelo corredor, do barulho de demolição
que cada vez aumentava mais ao me aproximar da minha porta, mais precisamente
de dentro do meu apartamento.
- Como assim????
Desesperada não conseguia enfiar a chave na fechadura
de tão abalada. Quando finalmente consegui entrar me deparei com um enorme
buraco na parede da sala que dava para o banheiro, que um homem desconhecido
abria cada vez mais com a ajuda de um pesado martelo e uma “ponteira” de ferro.
Ao redor, em toda a sala, o caos havia se instalado com a presença de entulho,
caixas e mais caixas empilhadas até o teto e uma enorme banheira de hidromassagem
reinava impávida e colossal no meio de tudo.
Depois de me beliscar para ver se não estava tendo um
pesadelo perguntei:
- Mas o que significa isso, Otávio?!??
Mais não disse porque o oxigênio me faltou, meu coração
parou de bater e o cérebro simplesmente apagou como uma lâmpada num curto
circuito.
Quando acordei, Seu Ambrósio, o pedreiro, ou Morfeu;
não me lembro dessa parte direito, me sacudia para acordar, dai mesmo é que
achei que tinha morrido, ou estava mergulhada num pesadelo, sei lá, parecia
tudo junto e misturado.
- Calma, calma, mulher! Não sei porque
tanto estresse por tão pouco.
Ouvi a voz do Otávio, o que me fez acordar
de vez...
- Só quis fazer uma surpresa. Assim você
não vai precisar ir tão longe para tomar banho de banheiras de hidromassagem.
Este senhor é
pedreiro, o seu Ambrósio, e está abrindo espaço para caber a banheira...
- Como assim?! Se instalar essa banheira
nós dois temos que dormir do lado de fora, mais precisamente no corredor; nosso
apartamento só tem 50m² seu desalmado!
De lá para cá estamos de relações
cortadas...
Alguém aí quer comprar uma banheira de
hidromassagem com tratamento de cromoterapia?
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