O Xamã
Mais um continho de três palavras
Bilro. Ximburé. Zigoma
Delzete colocou de lado os bilros e se levantou de onde estava ajoelhada há horas, dando conta da encomenda para entregar antes do mês de dezembro.
Foi até o canto da cozinha quando o Ximburé exalava o último suspiro, olhou pela janela e viu que iria chover mais tarde; precisava se apressar. Levou-o para o quintal, perto da bica, carregando-o na gamela tosca e gasta de tão usada, bem no lado do corpo, firmando-a na direita e distribuindo o peso nas laterais das ancas. Por aquelas bandas ainda não haviam chegado vasilhas e utensílios plásticos, tão comuns nas cozinhas de hoje. Peças bem coloridas, de vários tamanhos e modelos que faziam a alegria da mulherada que labutava nas lides domésticas, não. Por ali ainda se usava a gamela feita de toco de árvore esculpida a enxó que servia para diversas utilidades e ela era bem pesada.
Rapidamente deu conta da tarefa e retornou a casa agoniada com o que estava sentindo desde ontem quando caiu perto do rio e bateu com o rosto no chão.
Na hora ficou tonta que quase perdeu os sentidos, mas como mulher forte e lutadora que era, ergueu-se do chão e tomou o caminho de casa sem reclamar. Só que hoje além do inchaço arroxeado a dor havia piorado muito. Resolveu que riria até o seu João Buruá, filho de índio e entendido em doenças e dores para pedir uma mezinha para aliviar a dor.
Ao chegar o velho xamã a conduziu para dentro da cabana e lhe ofereceu um banco tosco para sentar enquanto se dirigia a um aparador beirando a parede, bem abaixo da janela. La tomou de uma cuia e de ervas que estavam penduradas em ramos por toda a parte e começou a fazer uma mistura intercalando água e maceração. Em seguida espalhou a mistura sobre um pedaço de pano e deitou-lhe a cataplasma sobre o inchaço, avisando a mulher que deveria manter o remédio até o dia seguinte. Amarrou-lhe um segundo pano por baixo do queixo e mandou-a para casa.
Quando ia saindo da casa ela virou-se para trás e perguntou ao velho curandeiro:
- Senhor, eu gostaria de saber o que eu tenho...
- Sim, a senhora fraturou o zigoma...
Mais um continho de três palavras
Bilro. Ximburé. Zigoma
Delzete colocou de lado os bilros e se levantou de onde estava ajoelhada há horas, dando conta da encomenda para entregar antes do mês de dezembro.
Foi até o canto da cozinha quando o Ximburé exalava o último suspiro, olhou pela janela e viu que iria chover mais tarde; precisava se apressar. Levou-o para o quintal, perto da bica, carregando-o na gamela tosca e gasta de tão usada, bem no lado do corpo, firmando-a na direita e distribuindo o peso nas laterais das ancas. Por aquelas bandas ainda não haviam chegado vasilhas e utensílios plásticos, tão comuns nas cozinhas de hoje. Peças bem coloridas, de vários tamanhos e modelos que faziam a alegria da mulherada que labutava nas lides domésticas, não. Por ali ainda se usava a gamela feita de toco de árvore esculpida a enxó que servia para diversas utilidades e ela era bem pesada.
Rapidamente deu conta da tarefa e retornou a casa agoniada com o que estava sentindo desde ontem quando caiu perto do rio e bateu com o rosto no chão.
Na hora ficou tonta que quase perdeu os sentidos, mas como mulher forte e lutadora que era, ergueu-se do chão e tomou o caminho de casa sem reclamar. Só que hoje além do inchaço arroxeado a dor havia piorado muito. Resolveu que riria até o seu João Buruá, filho de índio e entendido em doenças e dores para pedir uma mezinha para aliviar a dor.
Ao chegar o velho xamã a conduziu para dentro da cabana e lhe ofereceu um banco tosco para sentar enquanto se dirigia a um aparador beirando a parede, bem abaixo da janela. La tomou de uma cuia e de ervas que estavam penduradas em ramos por toda a parte e começou a fazer uma mistura intercalando água e maceração. Em seguida espalhou a mistura sobre um pedaço de pano e deitou-lhe a cataplasma sobre o inchaço, avisando a mulher que deveria manter o remédio até o dia seguinte. Amarrou-lhe um segundo pano por baixo do queixo e mandou-a para casa.
Quando ia saindo da casa ela virou-se para trás e perguntou ao velho curandeiro:
- Senhor, eu gostaria de saber o que eu tenho...
- Sim, a senhora fraturou o zigoma...
Bilro eu já sabia o que era. Ximburé deu pra deduzir mais ou menos, pelo contexto. Agora, zigoma... bailei. Daqui a pouco vou conferir no pai dos burros. Um abraço e parabéns pelo conto, amiga Clotilde.
ResponderExcluirObrigada pela visita e comentario Marcelo. Abrçs.
ResponderExcluirAahahahah.... supimpa! Você está se superando a cada conto!
ResponderExcluirAh, esqueci de dizer no comentário anterior: adorei o novo visu do blog; está chiquérrimo, clean e muito mais cool :)
Beijocas
Hummmm, muito chic... Bjs
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