Voltando à Campinas por uns dias apenas...
Acho que há uns dois anos passados, eu vinha no meu carro e ouvi pelo rádio, a notícia sobre o concurso que a prefeitura estava fazendo por época do aniversário da cidade; "Faça uma declaração de amor à Campinas" e ganhe alguma coisa que não me lembro, e aquela proposta me fez voltar ao passado e relembrar da minha chegada á cidade e da minha vida durante tantos anos, até que me acostumei tanto que já mudei e voltei várias vezes e até mesmo agora, no momento, nem moro lá, mas estou indo amanhã o que já está me causando aflição e ansiedade há muito dias. Estou indo ver os meus queridos e também para o 3º aniversário da minha neta Ana Júlia, no dia 29. Justificando por conta disso que ficarei ausente daqui por uns dias, e porque postarei novamente a minha declaração de amor à Campinas aqui.
Campinas, meu amor...
Saímos de São Paulo, logo que o caminhão de mudanças fechou as portas e se dirigiu para Campinas. Nosso vizinho português, taxista, nos levou até a rodoviária para embarcarmos. O cálculo é que chegaríamos juntos. Eu, meus filhos e o caminhão da mudança. O que não aconteceu. O caminhão chegou no final da tarde.Desci do ônibus da Empresa Cometa, o “cometão”, por volta do meio dia, em abril de 1971 (eu tinha apenas 24 anos e três filhotinhos), vinda de São Paulo, para morar nessa cidade que aprendi a amar logo à primeira vista. A “rodoviária”, era uma porta comercial diante do jardim do Fórum, à direita no final da Avenida Dr. Campos Sales. Quase no Largo do Rosário. Eu levava pela mão duas meninas de três e quatro anos, um bebê de colo, meus filhos, e uma bolsa enorme. Uma das meninas carregava apertado contra o peito (!?), um bolo de fubá num prato de louça branca envolvidos num pano de prato, que uma vizinha Portuguesa, esposa do taxista, gentilíssima e muito carinhosa, nos presenteou ao embarcarmos, para eu oferecer às crianças quando chegássemos na nova casa.
Sem saber para que lado ir, e ao ver que meu marido não estava lá nos esperando na “rodoviária” (!!!!), pois estava no trabalho e não conseguira sair para nos buscar, optei por atravessar aquela movimentada rua, sem ninguém para ajudar, com as minhas crianças e os nossos pertences até o ponto de táxi, que ficava do outro lado, sem a ajuda de ninguém. Acomodados todos dentro do taxi, nos dirigimos ao endereço que meu marido havia deixado comigo, da casa onde íamos morar por uns quatro anos mais ou menos, naquele mesmo bairro.
Ali, naquela casa, naquele bairro, conheci pessoas maravilhosas, amigos sinceros e prestativos, que me recordo com carinho e saudade. Alguns já estão com “papai do céu.”
Entreguei ao motorista do táxi, o endereço escrito no papel, e seguimos então em direção ao Viaduto Miguel Vicente Cúri, para um bairro relativamente novo, Campos Elíseos, que anos depois que umas partes foram "anexadas", foi apelidado de Campão, onde me deslumbrei com o “túnel” de Flamboyant’s que coloriam todas as ruas naquele outono de 1971, que mais parecia primavera, tão florido estava. Me lembro que fiquei comovida até as lágrimas, por ver que iríamos morar num “paraíso” de flores, onde meus filhos cresceriam sem precisar olhar pelas janelas e ver paredões cinzentos, enormes, e intermináveis ruas movimentadíssimas, num vai e vem frenético as vinte e quatro horas do dia, que poderiam ver ao vivo e a cores, o por do sol em seus incontáveis tons de amarelo e vermelho. Onde poderiam admirar uma revoada de pássaros à tarde, num barulho infernal avisando que o dia estava se acabando, para dar lugar as belas e estreladas noites mornas; sem contar que da casa que alugamos, dava para ver uns trens, que mais pareciam de brinquedo, indo e vindo, lá no alto de um morrinho. Nos primeiros dias, sentávamos todos nos degraus da frente, para observar o trem passar nos fins de tarde, com seus vagões de carga e alguns poucos ou únicos de passageiros.
Inesquecíveis momentos aqueles...
Levei meus filhos a passear no trem Pullman muitas vezes até São Paulo e voltávamos no mesmo dia, pelo prazer da novidade.
Também íamos ao Bosque com frequência, onde sempre examinávamos logo à entrada, no lado direito, uma árvore de raízes gigantes ao lado de Bambus também gigantes, (“varas de pescar lambarí”) pássaros de todas as cores e tamanhos, araras barulhentas, macaquinhos soltos, bicho preguiça e tantos outros faziam a festa da criançada. Visitávamos o Museu de história Natural, onde eles gostavam de “ver de perto” o lobo Guará, o Museu do índio, a casa de caboclo, e assim percorríamos o itinerário das jaulas e viveiros de pássaros, além de observarmos alguns outros animais selvagens em tanques e cercados de segurança.
As vezes dava tempo de irem também ao teatro infantil lá mesmo, dentro do Bosque, e para completar antes de voltarmos para a casa, dávamos uma volta de trenzinho tomando sorvete ou comendo algodão doce.
Num outro dia, escolhíamos o Parque Taquaral. Lá também apreciávamos aves e passeávamos num antigo e restaurado bonde que serviu a cidade por muito tempo e “navegávamos” de pedalinho, enquanto apreciávamos os marrecos e algumas capivaras.
Certo dia, li no jornal que no jardim que ficava em baixo do Viaduto Miguel Vicente Cúri, tinha um relógio de sol. Resolvi de imediato mostrar aos meu filhos o que era um relógio de sol. Entre patos e gansos que nadavam placidamente ali perto, no pequeno lago, ensinei meus filhos, como se calculava as horas num relógio de sol. Entre as curvas daquele viaduto, havia um lindo e singelo, jardim florido.
Fazíamos turismo dentro da cidade. Sempre tinha algo que ver e apreciar.
Lindos dias aqueles..
Naquela casa tive mais um filho. Aos vinte e sete anos tive meu quarto filho. Logo em seguida comprei uma casa no mesmo bairro, e moramos lá por quase vinte anos. Uma casa "barulhenta' de alegria e amigos que entravam e saiam o tempo inteiro. Na adolescência deles, minha casa naqueles tempos, vivia sempre cheia de amigos dos filhos, e do meu marido. Casa de mecânicos, sempre tinha alguém arrumando alguma coisa na garagem, no quintal, instalando ou exibindo o som, testando motos, comendo, tomando café na minha cozinha, o que também sempre foi muito normal na minha casa.
Foram muito bons, aqueles tempos. Graças a Deus, amigos nunca faltaram.
Os filhos estudaram no Sesi das Amoreiras, na Avenida das Amoreiras em frente ao Hospital Mário Gatti.
As filhas fizeram faculdade, uma na Puc de Campinas, outra na UFSC, fora da Cidade. Todos os filhos cresceram, se tornaram independentes, casaram, tomaram os seus rumos na vida e eu voltei com meu marido para Florianópolis - SC, minha terra . Moramos mais de onze anos numa praia maravilhosa (Ingleses), naquela ilha paradisíaca até quando fiquei viúva em novembro de 2003, infelizmente.
Foi então que optei por voltar a morar em Campinas, lugar de tantas e boas lembranças. Escolhi morar nesta cidade, que sempre me acolheu de braços abertos. Tenho um filho e uma filha casados, morando aqui que me deram netos campineiros, e assim resolvi voltar.
Me sinto muito bem, e em “casa”, aqui em Campinas. Reencontrei amigos daquela época, e já fiz alguns novos.
Campinas é uma cidade que tem a capacidade de receber pessoas de todos os lugares do país e do mundo de braços abertos como o colo de uma grande e doce mãe. Ainda guarda alguma coisa de interior, com casas com quintal, juventude em bando como gaivotas barulhentas, ainda com opções de trabalho.
Roda de amigos em churrasco e cerveja, nos finais de semana. Bem normal, como toda cidade deve ser.
Mas o que me comove por demais em Campinas, são as árvores floridas, seus Ipês, Flamboyant´s e Primaveras de várias cores que se derramam em verdadeiros tapetes para você passar...
Agora mudei para Tupã-SP, na "alta Paulista", acompanhando a filha que mudou com toda a família, fazem três meses no próximo domingo, mas eu estarei em Campinas para matar a saudade♥
Esses flamboyants são lindos mesmo. Aprovete bastante a estada e traga muitas lembranças ótimas!!! Beijocas no Viní e nos seus docinhos :)
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