Apenas uma Fábula
A floresta acordou assustada com os urros do Leão que há dias não saia da caverna onde morava. Urrava dolorosamente. Ninguém tinha coragem de ir lá dentro ver o que acontecia com medo de ser atacado e até comido.Foi quando o Cachorro do Mato, primo do lobo, resolveu entrar na caverna e ver o que acontecia e deparou-se com o Leão deitado com a pata para cima uivando de dor.
- O que aconteceu para você estar urrando desse jeito?
Perguntou o destemido Cachorro do Mato,
sabendo que arriscava a sua vida, enquanto se escondia num vão da pedra de
maneira que pudesse escapar se precisasse.
- Estou com um espinho enorme encravado na minha pata e
não consigo alcançar para retirar e daí não consigo andar, sair para comer e tomar água, eu vou morrer aqui à míngua...
Falou o Leão entre soluços.
- Bem, talvez eu também não consiga fazer isso sozinho,
mas posso chamar alguém para ajudar...
O urro que ele deu como resposta foi tenebroso que o Cachorro do Mato resolveu não arriscar mais e saiu correndo. Se ele não queria ajuda, então que ficasse sozinho; foi o que pensou enquanto corria para longe dali.
E assim mais alguns dias se passaram e os urros continuaram a ressoar pela floresta, até que o Cachorro do Mato resolveu reunir um pessoal para encontrarem uma solução para aquele preocupante problema.
Enquanto falavam e trocavam ideias, perceberam que tudo ficou silencioso. De repente a mata ficou parada. Ninguém se mexia, na
expectativa de entender o que aconteceu e o pensamento foi unânime; o Leão deve, finalmente, ter morrido. Agora era saber quem teria a coragem de entrar na
caverna para constatar a morte da fera.
Assim, devagar, passo a passo, todos foram entrando,
ainda sorrateiros, se escondendo nos vãos da caverna na expectativa de que o
Leão estivesse fingindo para poder comer quem resolvesse entrar.
Mas a surpresa foi encontra-lo desacordado, desmaiado
de dor, fraqueza e sede parecendo morto. A pata inchada, com o enorme espinho
cravado descansava ao lado do corpo.
Todos respiraram aliviados daqueles urros que ressoavam pela floresta dia e noite e foram embora para longe dali, mas o Cachorro do Mato chamou a Garça que também ia saindo e pediu a ela que o ajudasse a retirar o espinho da pata machucada aproveitando que o Leão estava dormindo.
Então, ela com o seu bico pontiagudo como uma pinça retirou delicadamente
o espinho causando alivio imediato, fazendo com que o Leão dormisse ainda mais
profundamente aliviado.
Os dois amigos voltaram para a floresta onde
encontraram os amigos que os recriminaram por ajudar aquela fera arrogante, no
que o Cachorro do Mato respondeu pelos dois que fizeram o que acharam certo fazer, que era aliviar a dor alheia e ajudar no que for preciso.
- Mas ao acordar, o Leão vai urrar mais alto ainda e você será
morto por ele na primeira oportunidade.
Falou a Hiena desesperada com a possibilidade de o Leão
aparecer...
- Eu fiz o que achei certo fazer, ajudar quem precisava de ajuda, ele vai fazer o que achar que deve. Ele é um leão e agirá como um leão. Assim é a vida.
Devemos tirar nossas conclusões das situações que a vida
nos apresenta e levar para a nossa existência como experiência e aprendizado.
Gratidão, humildade, tolerância, bondade, serenidade,
são sentimentos e virtudes que devemos cultivar para nos tornar seres humanos
melhores.
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