domingo, 28 de fevereiro de 2016

Agenda cheia.

                                             Agenda cheia 
Enquanto preparava a mala para ir embarcar para assistir à entrega do Oscar a campainha tocou e pasmem; era o Mike Jagger em pessoa me chamando para assistir ao Show que ele vai fazer para a gauchada, dia dois.
Reconheço que fiquei muito emocionada e sensibilizada com a delicadeza da visita e do convite, mas tive que declinar em lágrimas e explicações.
Enquanto servia um flut de Champanhe Dom Pérignon safra 54 ao meu visitante ilustre, me desculpei com ele explicando do meu compromisso em atravessar o tapete vermelho mais uma vez, sob os auspícios The Academy Awards que me enviou o convite em mãos de um emissário, vindo ao Brasil especialmente para essa tarefa. E como as datas são muito próximas não poderia comparecer aos dois eventos.
É claro que ele compreendeu o meu dilema e até me falou que também não compareceria a entrega pelo mesmo motivo; incompatibilidade de agendas.
Duas horas depois e algumas taças de Champanhe ele se foi, tentando esconder as lágrimas de emoção pelo reencontro.
Advinha a emburração do Otávio, ciumento do jeito que é tendo que assistir tantas firulas do Mick comigo? - “Sópraporco”! Como se fala em “manezês”.
Pois bem, quando ele saiu acabei de fechar a mala colocando bem em cima de tudo o vestido da noite do grande evento em Los Angeles, todo trabalhado em plumas, rendas e paetês com assinatura de Lacroix.
Meu voo sairia poucas horas depois levando comigo meu cabeleireiro de mais de trinta anos de amizade e minha manicure que também faz às vezes de massagista.
Otávio preferiu assistir de casa. Ele ama a Maria Beltrão e disse que não estava  nem ai para toda aquela avalanche de fotógrafos em cima dele. Ele não tem mais “saco” para tanta paparicação e vexame coletivo e que Maria Beltrão era imperdível.
Agora, daqui da minha suíte em Los Angeles envio a todos o meu abraço saudoso e um cafuné para o Otávio.
Quem será que vai levar a estatueta este ano?  É claro que estou torcendo aqui para o fofo do Léo, o DiCaprio, filho de uma amiga de infância. ♥
Bom domingo.

sábado, 20 de fevereiro de 2016

Conjunção de Astros


                                           Conjunção de astros
De manhã logo cedo Cleucimar correu em direção à porta para recolher o jornal que o jornaleiro havia jogado lá do portão para dentro do jardim. Ansiosa, abriu a penúltima página para ler o seu horóscopo e foi se decepcionando a cada palavra que lia...
“Como assim”???? Gritou ela para as paredes que racharam de rir e nem deram bola.
Olhou o seu cachorro Zico se esconder atrás do sofá amarelo ocre, enquanto a gatinha Fafá preferia se esconder debaixo da almofada.
Eles já sabiam que o dia não seria nada bom quando o horóscopo não trazia boas notícias. E naquele dia, realmente ela não esperava ler algo daquele tipo.
Continuou lendo e a cada parágrafo repetia “como assim?” e cada vez em maior desespero.
Lá do quarto surgiu sonolento, Osmarildo o companheiro de tantos anos de estrada coçando o cabelo e bocejando numa careta desengonçada, perguntando qual era a novidade.
Cleucimar olhou para ele com desprezo e dobrando rapidamente o jornal foi caminhado em direção à cozinha.
Enquanto colocava o pó no coador e esperava a água ferver, esticava a toalha e espalhava os demais pertences para a refeição, relembrava as palavras do astrólogo para aquele dia.
– “Coisa esquisita...”
“A partir de hoje sua vida mudará radicalmente. Você encontrará a sua alma-gêmea que estará em conjuntura com Plutão e com a Lua em Marte ocasionando um eclipse em seu passado. Fortes emoções lhe aguardam as próximas horas. Não deixe passar este momento que só se repetirá daqui a 285 anos. Detalhe: Se a pessoa que você pensa que ama se apresentar pela manhã, vestindo bermuda dois tamanhos maior presa na cintura por cinto social marrom, chinelos de borracha surrados, capanga atravessada no peito, de chapéu de pano, não queira, desista, pois esse você já sabe que já deu o que tinha que dar... Parte para outra...”
- “Como assim”?
Repetia ela sem parar, enquanto colocava o café e pão na mesa para servir o Osmarildo que ia trabalhar no calçadão trocando dólares exatamente com aquela indumentária.
Bem perto da hora do almoço, ainda martelando o horóscopo na cabeça ela recebeu um vaso de flores discreto acompanhado de um cartão nada discreto com os dizeres:
“Sou seu admirador há muito tempo e até descobri o seu signo. Moro nesta mesma rua, no número 192, e sei que você acompanha o horóscopo todos os dias. Como sou funcionário do Jornal que você assina pedi para escreverem o meu recado hoje. Por favor, me dê uma chance de lhe conhecer e ver se nossos signos combinam. Sou de Sagitário com ascendente em Peixes com a Lua em quadratura em Saturno. Tenho chance? Aguardo a resposta no meu Zap, número 0908070909... Seu admirador, Robério.”
P.S. O meu astrólogo me sugeriu ir em busca da minha Felicidade e é isso que estou fazendo.

sábado, 13 de fevereiro de 2016

Os visitantes de sábado pela manhã


                                          Os Visitantes de sábado pela manhã
Bom dia sábado, que amanheceu iluminado e quente como convém a um dia de verão.
Hoje acordei como de costume na aurora do dia, olhei o céu e o achei igual ao amanhecer de ontem, como se isso fosse possível, e voltei a dormir.
Acordei as 9.20h, isso mesmo, nem eu acreditei, já com o sol à pino igual ao de ontem... Como se isso fosse possível...
Logo depois estou me equilibrando na bancada da pia para fazer um café e iniciar o meu dia, quando precisei voltar ao banheiro urgente!
Não sei o que pode ser pior do que andar à galope num andador pela casa numa emergência como essa... afff
Estou abrindo a porta da felicidade e toca a campainha, pânico total; E agora, vou ou fico? Duvida cruel...
Enquanto vou trotando em alta velocidade em direção à porta, ouço vozes de homem no corredor e penso: “as visitas chegaram mais cedo hoje ou eu realmente levantei muito tarde?” Vou ver quem é cheia de curiosidade pelo inusitado, até porque que as chaves prometidas aos parentes não ficaram prontas, então podia ser qualquer pessoa.
É claro que o desconforto de antes passou na hora. Tudo sob controle e fui atender o que me pareceu mais urgente: a porta!
 Enquanto o café passava no coador e espalhava seu delicioso perfume e o leite apitava no MW, abro a porta ainda de pijama, sem nenhuma cerimônia, como faço com os meus queridos que vêm me visitar todos os dias e dou de cara com três soldados fardados, um de cada cor para ser politicamente correto é claro, e não passar em momento algum qualquer pensamento discriminatório da parte de quem quer que seja.
Logo atrás aos três “enormes”  jovens camuflados e prontos para a guerra, apareceu um metro e meio de pessoa de avental e credencial carregando uma prancheta, era uma visitadora do posto de Saúde. Todos muito sorridentes e gentis. 
A princípio pensei que iriam me levar a algum lugar. Mas onde? O que está “aconteceno”? 
Afinal eu não estava muito bem acordada, ainda mais com o cheiro do café por toda a casa me "atentando".
Com a cara amarrotada, desbotada que nem de longe lembra a foto maravilhosa em roupa azul que de vez em quando posto por aqui no perfil para me animar um pouco e que encanta (????) a tantos que pensam que sou assim quando acordo, atendo o comitê da Dengue e ouço com a maior atenção a tão gentis criaturas que acham que tenho três criatórios no meu espaço particular; um do Aedes, outro do Zica e outro do Chikungunya mais conhecido aqui na redondeza como Shikus. Entre outras coisas que me informaram é que devo colocar sal grosso nos ralos, o que me preocupa se vai faltar para o churras de domingo, mas tudo bem é por uma boa causa.
Minhas cinco pobres Violetas e as duas Orquídeas têm que tomar água de conta gotas e virar o pratinho para baixo imediatamente, sob pena de se multiplicarem em incontáveis ovos a 13ª praga do Egito aqui em casa.
Após todos se apresentarem e me descartarem todas as dúvidas me fizeram assinar um papel que nem li, mas deve ser a prova de que entraram e me deram informações que seguirei se quiser, mas que eu fui avisada, eu fui! Arebaba!
E ai seguiram em frente tocando a campainha da porta do vizinho.

Finamente pude tomar o meu café, está servido (a)?