Dia das Mães ou dos Filhos?
Quem me conhece sabe que não gosto de ser homenageada no dia
das mães, apesar de achar uma data muito emocionante, pois voltam as lembranças
do tempo em que éramos só filhos, em relação a mim me sinto constrangida.
Me sinto assim, por sentir que tudo o que fazemos para
nossos filhos é espontâneo, não pensamos e nem treinamos para demonstrar esse
sentimento.
A partir do momento em que nos tornamos mãe tudo muda e tudo
se torna diferente, nossos valores e nossos objetivos sempre priorizarão os
nossos filhos até o fim de nossa vida. Este sentimento é único e inexplicável. E justamente
por este motivo que não me sinto à vontade para ser homenageada por agir da
forma mais sincera e natural, mais honesta e mais completa diante de um ser que
saiu das minhas entranhas.
Por que me agradecer por amá-lo se este sentimento é o que
há de mais verdadeiro em mim, tão natural e espontâneo? Não tenho que me
esforçar e nem fazer de conta, ele é sempre o mais puro que há em mim? O amor
que tenho pelos meus filhos é a única coisa que realmente vale a vida, porque
vale viver, sem este sentimento nem sei quem sou de verdade. Ele é quase eu
inteira.
Para alguém que não é
ou nunca foi Mãe, não quer dizer que não venha a conhecer este sentimento. Há
muitas formas de amor e de amar.
Apenas não vejo o porquê da homenagem, do agradecimento à
minha pessoa.
É como pedir a uma flor que não exale seu perfume, se ele
faz parte dela!?
Alguém pode alegar que existem mães e mães, mas eu não estou
falando das exceções, estou falando daquelas que são homenageadas porque
tiveram filhos e alguém escolheu um dia para isso.
Assim, quero fazer diferente hoje. Quero homenagear os meus
amados filhos. Todos os quatro que tive. Bebes lindos e fofos, crianças
espertas e saudáveis e pessoas maravilhosas, adultos exemplares e excelentes
filhos.
Todos só me deram alegrias e hoje venho agradecer cada
segundo que estiveram e estão presentes, longe ou perto em minha vida.
Tenho certeza que me torno a cada dia uma pessoa melhor por
conta de tê-los tido. Cometi muitos
enganos com vocês, mas foi por conta da inexperiência e imaturidade.
Além de uma mãe muito jovem vocês não vieram com manual e instruções.
Assim, tive que ir agindo, fazendo acertando e errando mais na intuição e na
raça. Tive que aprender a cuidar de uma casa, cozinhar, costurar e mais mil
coisas enquanto vocês nasciam e cresciam ao meu redor.
Tive que dizer muitos nãos com o coração partido porque
naquele momento era o que eu pensava ser o melhor, mas também permiti algumas
outras na certeza que vocês já sabiam como se comportar e agir e me orgulhei
muito disso.
Acompanhei cada acerto e cada vitória de vocês com o peito
inflado de orgulho, os olhos transbordando em lágrimas querendo gritar para
todo mundo; “eu sou a mãe!”
Mas a vida também pegou pesado algumas vezes e por último me
levou um de vocês para Deus. Isto eu posso garantir que nunca estive preparada
e jamais imaginei que teria que passar. Mas estou aqui, pois os outros três
também me ajudam a ir vivendo, mesmo sem querer. Ainda me fazem sorrir e me
orgulhar e me emocionar. Dão-me muito carinho e me fazem sorrir.
Pois que então seja a seu modo: feliz dia dos filhos, Clotilde!
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