domingo, 19 de outubro de 2014

Reunião de Bichos

Por conta desta seca que está se espalhando pelo Brasil resolvi desengavetar uma historinha infantil que foi Editada em 2005 pela Editora Mundo Maior e que acho atualíssima.

                                              Reunião de Bichos
Todos os bichos, um a um, foram chegando devagar, outros apressadamente, como o Mico-leão-dourado, a Ararinha Azul, a Anta, a Capivara, e muitos outros. Logo atrás, outros animais de pêlo e de couro também foram chegando e se acomodando ao pé daquela imensa pedra que ficava à beira do rio de água escura e mal cheirosa e que trazia boiando garrafas plásticas e objetos de todo o tipo, lixo mesmo. Quase não tinha mais vida em seu leito, seus moradores morriam pouco a pouco.
Todos estão visivelmente tristes e preocupados como o grande e sossegado peixe-boi. O céu triste e sem brilho já não parece tão azul tanta é a poluição, e de onde eles estão podem sentir o cheiro da mata queimando.Todos se olhavam com preocupação silenciosa.
Quando já havia uma grande quantidade de ouvintes apareceu em sua velha árvore a Grande Coruja sábia que voou e pousou na parte mais alta da pedra.
Olhou a todos demoradamente, observando a tristeza e preocupação que havia no ar.
Até os peixes e alguns répteis vieram para a beira do rio ouvir.
- Meus amigos, convoquei esta reunião para explicar a vocês o que está acontecendo. A situação está cada vez mais difícil. Não há mais o que fazer aqui neste mundo. Estive em muitas reuniões em vários lugares do nosso planeta e como represento todo este lado da floresta, fui indicado para reuni-los e explicar-lhes a nossa realidade. É o seguinte: Como já sabem, todas as espécies de vida neste planeta estão correndo sério risco de a qualquer momento se acabar, como muitas se acabaram e na verdade pouco a pouco tudo vai terminar. Muito antes do que se imagina tudo vai virar deserto, sem água, sem plantas e sem animais. Um lugar completamente sem vida. Os responsáveis não querem fazer nada para mudar essa situação e vão pagar com a própria vida. Na realidade, todos são responsáveis, todos temos que contribuir com a nossa parte, mas parece que os que têm o poder nas mãos não pensam assim. Não dão o exemplo.
- E o que nós podemos fazer? - Perguntou o macaco de cima da árvore.
- É possível mudar o que está acontecendo?- Perguntou a Jaguatirica.
- Achamos muito difícil, na realidade não sabemos com certeza. É muito arriscado esperar mais... – Respondeu a Grande Coruja com tristeza.
- Os pássaros também correm risco mesmo sabendo voar? – Perguntou um jovem Papagaio.
- Sim todos morrerão se esta situação continuar, se nada for feito. O ar está cada vez mais poluído, muitos homens têm tentado conscientizar em todo este planeta as pessoas, mas o lixo mal tratado, não reciclado, não armazenado da maneira correta está se acumulando numa velocidade assustadora a céu aberto.
- As queimadas, os rios cheios de lixo de toda natureza, produtos químicos que deságuam no mar vão contaminando e espalhando a morte. O ar está quase irrespirável, a única solução que encontramos foi sair daqui, fugir...
- Fugir como, para onde? – vários animais perguntaram ao mesmo tempo.
- Calma, meus amigos. Vamos para outro lugar, mas para isso, para fugirmos daqui a nossa organização estudou um plano que poderá ser executado com a ajuda de todos os seres, de todos os lugares desse planeta, por isso estou aqui para orientar e convocar todos dessa região e ajudar a concluir o pano e para isso vou precisar da colaboração de todos e se concordarem estarão  todos salvos em uma semana.
- Mas é claro, todos ajudaremos não é pessoal?- Gritou o macaco todo animado, levantando o ânimo da turma.
- Sim, claro, eu posso ajudar!
- Eu também!
- Como é que eu posso ajudar?
Falavam todos bem alto e ao mesmo tempo, fazendo uma barulheira infernal, quando a Gralha deu um grito bem alto e foi seguida pela Arara vermelha e todos se calaram de repente. Daí a coruja pode continuar a explicação do plano;
- Bem, continuando, o plano é o seguinte: Nós todos juntos vamos construir uma nave espacial e vamos mudar de Planeta.
-Ohhhh!
Todos exclamaram juntos e ficaram mais atentos.
A Grande Coruja então tirou de dentro de um canudo de bambu um imenso papel que dois macacos seguraram cada um de um lado para que todos pudessem ver.
E ela continuou a explicação:
- Este é o modelo da nave que vamos fazer, e apontou com a varinha que trazia na ponta da asa. Aqui ficarão acomodados todos os que não podem voar. Os pássaros usarão o seu conhecimento em construir ninhos para trançar a estrutura, todos os animais poderão trazer palhas e gravetos.
-Será que numa só nave vão caber todos os animais?- Perguntou a Anta lá do fundo.
- Provavelmente serão necessárias algumas naves, mas isso não será problema depois de construirmos a primeira...
 A aranha e o Bicho-da-seda ofereceram-se para reforçar esse trabalho com a sua teia e seus fios no que foram muito aplaudidos. O João-de-barro poderia fazer o acabamento externo e assim, com a ajuda de todos, a nave ficaria pronta ainda naquela noite para a primeira viagem.
E a Grande Coruja continuou:
- A primeira nave já chegou lá, decolando lá do outro lado da mata e alguém já voltou para contar o que viu. Ele disse que o lugar é lindo, o Planeta é maravilhoso e que lá tem tudo o que precisamos e que está prontinho para nós, à nossa espera. Disse também que lá tem muita água, montanhas, árvores, plantas, rios e mares.
-E por que este Planeta está vazio?- Perguntou lentamente a Tartaruga.
- É que aquele Planeta há milhares anos era como está hoje; lindo! Assim como já foi o nosso também um dia, há um tempo. Mas lá também os homens o destruíram como agora os homens daqui estão destruindo o nosso, então as águas se esconderam nas profundezas da terra, embaixo das pedras e das montanhas e tudo virou deserto, tudo ficou vazio e sem vida durante milhares de anos, nem se sabe quantos. Até que um dia um lindo raio de Luz Azul, veio do Centro do Universo e atingiu uma pedra enorme, uma verdadeira montanha partindo-a ao meio e libertando a água que ela guardava no seu interior mais profundo. Esta água foi se espalhando e levando consigo uma infinidade de sementes de muitas espécies de plantas e árvores que também estavam guardadas nas profundezas da terra e tudo começou a reviver e a renascer até ficar novamente tudo florido e farto de alimentos de todo o tipo. E assim a vida voltou naquele Planeta.
Depois de ouvirem aquela história, todos os bichos ficaram renovados de esperança e muito animados começaram a construir a nave que os libertaria daquele triste lugar.
E naquela noite tudo ficou pronto para a primeira viagem daquele grupo.
Logo em seguida todos foram entrando e se ajeitando em seus lugares. As aves e pássaros acomodaram-se do lado de fora, pois elas é que conduziriam a nave ao seu destino. Os peixes foram colocados dentro de cocos e de frutos ocos.
E assim foram cheios de esperança em direção à nova vida.
Quando chegaram ao novo planeta ficaram abismados com a beleza do lugar, não se cansavam de elogiar o que viam.
-Que maravilha! Que maravilha! Que paraíso! Tudo é muito lindo!
Até que alguém lembrou de perguntar à Grande Coruja:
- Como é o nome desse planeta tão maravilhoso? Desse lugar tão abençoado que vai nos abrigar?
E a Grande Coruja respondeu emocionada:
Este é o Planeta Terra, criação Divina para todos os seres viventes viverem felizes. E este maravilhoso satélite que vemos muito bem brilhando lá no céu chama-se Lua.
Naquele momento todos os animais ficaram em silêncio e agradeceram a Deus a nova oportunidade.
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E é por isso que os animais não poluem e nem destroem o ambiente em que vivem, eles sabem muito bem o que acontece a quem não respeita a Natureza.
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P.S. É bom lembrar aqui da frase de Jesus; “Na casa de meu Pai, há muitas moradas”.


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