O Vestido de Noiva.
Nos áureos tempos daquela família os vestidos de festas e
casamentos eram encomendados em Paris, na França, e não foi diferente quando a
vovó Zitinha aos 15 anos foi pedida em casamento.
Por ser um vestido de Griffe assinado por um costureiro
famoso da época, o vestido foi guardado como uma das relíquias que mantinham o
status quando a família sofreu a decadência financeira. E era quem mais podia
solicitar o vestido para a própria cerimônia de casamento até que as mulheres
começaram a não desejar mais casar nem vestidas de noiva e nem casar
propriamente dito, preferiam juntar as escovas de dente e mais nada. Mas em todo
lugar existem as românticas infalíveis, aquelas que só casam se for com toda a
pompa e circunstância e foi pensando nessas que dona Ismênia, única herdeira do
vestido de Vovó Zitinha e solteirona convicta, resolveu oferecer o Mimo no Antiquário
para vender, quem sabe dava algum dinheiro para ela ir a Jerusalém, seu sonho
de consumo? Não custava tentar.
E assim naquela tarde quente de sol, Dona Ismênia carregando
a pesada caixa que trazia um emblema impresso da Casa de Costura de Paris
contendo o vestido, o véu e a grinalda, entrou resfolegando porta adentro do
Antiquário de Maria Amélia que veio recebê-la toda solícita e curiosa ajudando-a
a colocar a preciosidade sobre a mesa.
Logo atrás entrou uma cliente vestida de uma forma pessoal e
romântica que curiosa parou para ver o que havia dentro da caixa.
Em seguida as três mulheres de diferentes gerações se
debruçaram sobre a caixa que foi aberta
com o maior cuidado sendo afastadas as folhas de papel de seda que envolviam o
vestido e o véu com a grinalda. Em seguida Maria Amélia, a dona do Antiquário,
levantou o vestido pelos ombros para melhor apreciarem os detalhes enquanto a
moça romântica admirava os detalhes da grinalda e a maneira que os dois foram
presos e ajustados.
Dona Ismênia deslizou as suas enrugadas mãos pela saia
alcançando a barra para mostrar uma curiosidade que o vestido trazia. É que na
parte interna, logo acima da barra, escondido abaixo de babados havia sido
pregado um bolso de tecido finíssimo, tipo organza, que guardava uma nota de
Dólar e mais adiante quatro alianças muito bem costuradas para admiração das
duas mulheres.
Foi ai que Dona
Ismênia começou a contar a história do Vestido que estava em sua família por
volta de cento e vinte anos e várias gerações. Ele havia sido encomendado em
Paris três anos antes da data marcada para o casamento. Veio de navio trazido
por um funcionário da Maison encarregado da entrega e de algum possível ajuste
se necessário. E o mais interessante é essa nota de Um Dólar que veio preso ao
vestido com os augúrios de prosperidade da Casa de Costura Parisiense para o
casal nubente. Porém quando vovó Zitinha ficou viúva resolveu amarrar suas
alianças neste lugar também e depois outra que o usou também repetiu a ação de
vovó Zitinha quando ficou viúva muitos anos depois, assim ficando várias
alianças marcando um “Felizes para Sempre”.
Então Maria Amélia a dona do Antiquário, ficou encantada com
a preciosidade e até comentou que até a nota de um dólar era uma antiguidade
rara e devia valer bastante para os colecionadores de moedas e ainda perguntou
quanto ela esperava vender aquela beleza com história e encanto e Dona Ismênia
disse que estava aberta à sugestões, foi ai que a moça romântica ofereceu um
valor bem alto e a dona do Antiquário outro lance e assim depois de várias
negociações entre as três, a moça romântica levou para casa o vestido da vovó
Zitinha, uma preciosidade sem preço.
A história parece ser real, pela riqueza de detalhes. Verdadeira ou não, o que vale é o texto - muito bom. Parabéns, amiga Clotilde!
ResponderExcluir