terça-feira, 23 de setembro de 2014

O Vestido de Noiva



                                                     O Vestido de Noiva.
Nos áureos tempos daquela família os vestidos de festas e casamentos eram encomendados em Paris, na França, e não foi diferente quando a vovó Zitinha aos 15 anos foi pedida em casamento.
Por ser um vestido de Griffe assinado por um costureiro famoso da época, o vestido foi guardado como uma das relíquias que mantinham o status quando a família sofreu a decadência financeira. E era quem mais podia solicitar o vestido para a própria cerimônia de casamento até que as mulheres começaram a não desejar mais casar nem vestidas de noiva e nem casar propriamente dito, preferiam juntar as escovas de dente e mais nada. Mas em todo lugar existem as românticas infalíveis, aquelas que só casam se for com toda a pompa e circunstância e foi pensando nessas que dona Ismênia, única herdeira do vestido de Vovó Zitinha e solteirona convicta, resolveu oferecer o Mimo no Antiquário para vender, quem sabe dava algum dinheiro para ela ir a Jerusalém, seu sonho de consumo? Não custava tentar.
E assim naquela tarde quente de sol, Dona Ismênia carregando a pesada caixa que trazia um emblema impresso da Casa de Costura de Paris contendo o vestido, o véu e a grinalda, entrou resfolegando porta adentro do Antiquário de Maria Amélia que veio recebê-la toda solícita e curiosa ajudando-a a colocar a preciosidade sobre a mesa.
Logo atrás entrou uma cliente vestida de uma forma pessoal e romântica que curiosa parou para ver o que havia dentro da caixa.
Em seguida as três mulheres de diferentes gerações se debruçaram  sobre a caixa que foi aberta com o maior cuidado sendo afastadas as folhas de papel de seda que envolviam o vestido e o véu com a grinalda. Em seguida Maria Amélia, a dona do Antiquário, levantou o vestido pelos ombros para melhor apreciarem os detalhes enquanto a moça romântica admirava os detalhes da grinalda e a maneira que os dois foram presos e ajustados.
Dona Ismênia deslizou as suas enrugadas mãos pela saia alcançando a barra para mostrar uma curiosidade que o vestido trazia. É que na parte interna, logo acima da barra, escondido abaixo de babados havia sido pregado um bolso de tecido finíssimo, tipo organza, que guardava uma nota de Dólar e mais adiante quatro alianças muito bem costuradas para admiração das duas mulheres.
 Foi ai que Dona Ismênia começou a contar a história do Vestido que estava em sua família por volta de cento e vinte anos e várias gerações. Ele havia sido encomendado em Paris três anos antes da data marcada para o casamento. Veio de navio trazido por um funcionário da Maison encarregado da entrega e de algum possível ajuste se necessário. E o mais interessante é essa nota de Um Dólar que veio preso ao vestido com os augúrios de prosperidade da Casa de Costura Parisiense para o casal nubente. Porém quando vovó Zitinha ficou viúva resolveu amarrar suas alianças neste lugar também e depois outra que o usou também repetiu a ação de vovó Zitinha quando ficou viúva muitos anos depois, assim ficando várias alianças marcando um “Felizes para Sempre”.
Então Maria Amélia a dona do Antiquário, ficou encantada com a preciosidade e até comentou que até a nota de um dólar era uma antiguidade rara e devia valer bastante para os colecionadores de moedas e ainda perguntou quanto ela esperava vender aquela beleza com história e encanto e Dona Ismênia disse que estava aberta à sugestões, foi ai que a moça romântica ofereceu um valor bem alto e a dona do Antiquário outro lance e assim depois de várias negociações entre as três, a moça romântica levou para casa o vestido da vovó Zitinha, uma preciosidade sem preço.

Um comentário:

  1. A história parece ser real, pela riqueza de detalhes. Verdadeira ou não, o que vale é o texto - muito bom. Parabéns, amiga Clotilde!

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