Completando mais um ano...
Engraçado o que acontece conosco.
Queremos viver, mas não queremos envelhecer. Claro até entendo; Envelhecimento pressupõe
rugas, fragilidade, senilidade e feiura do corpo, esquecimento, lentidão,
dificuldades gerais. Tudo cai e tudo despenca literalmente à força da
gravidade.
Queremos participar muito e de tudo, saber de tudo, entender
de tudo e experienciar o máximo de situações, principalmente as mais
agradáveis, mas isso demanda tempo, muito tempo, contado em anos e anos, mas
não queremos contar esse longo período de vivência e ainda colocá-los na
mochila do tempo que ao longo do caminho vai pesando cada vez mais e até nos
tornamos um pouco corcundas, cada vez mais corcundas literalmente falando.
Carregamos desde muito jovens a vaidade de nos apresentar
bem e sempre bonitos, mas isso demanda uma série de fatores e o principal, básico
e irrecorrível é a genética, o DNA. Se a família é feia, estranha ou com algum
defeito escancarado, não haverá muito a fazer. Como por exemplo, a Família Adams
do filme, nada há a fazer, só lamentar.
Mas se algum ascendente foi miss, modelo ou considerado belo
pela maioria da família, ai as chances de agradar um grande número de pessoas é
maior, porém a beleza também envelhece infelizmente, e muitas pessoas tornam-se
irreconhecíveis, tal o estrago.
Mas já diz o bom e velho ditado consolador; “quem ama o feio,
bonito lhe parece”, ou também aquele
outro mais intenso e objetivo, muito usada pelos feios; “beleza não põe mesa”,
talvez porque a fome não dá tempo de analisar a decoração de uma mesa bem posta para refeição, isso se for traduzir de
forma literal e sem muita imaginação...
E o tempo passa... O
tempo voa... e nem a “poupança” continua numa boa, tudo vai amolecendo perdendo
a rigidez e a graça.
Daí que você nem vai mais ao provador da loja. Compra por avaliação,
procura utilizar o golpe de vista mesmo, olha de um lado, do outro, confere a
etiqueta e leva para experimentar em casa mesmo, pois ao lado do espelho há uma
cama para desaguar a tristeza de não caber mais em roupa nenhuma e não é por
excesso de peso não é por que nenhum modelo cai bem, fica bom, é por que a
barriga que se alojou antes da “melhor idade” acreditou na frase e não vai
embora nem com reza brava. Já pensei na volta do espartilho, mas tive que matar
a ideia no ovo, pois quem vai amarrar nas costas o desgraçado? E se for o
modelo amarrado na frente cheio de ilhoses meus dedos trêmulos que perderam
completamente o tato não acertam os buraquinhos dos ilhoses...
Cirurgia só se fizer um pedido aos céus para uma segunda via
da fôrma, do gabarito, mas como a fila é grande, poucos conseguem. Até porque o
corpo inteiro degringolou, por fora e por dentro, daí precisar da fôrma e do
gabarito, das formas, de novos órgãos, pois tudo está sucateado.
Mais ainda valentemente sobrou o cérebro, ou penso que sim, já
que há muitos corajosos que me leem e eu nem acredito.
Mas olha, eu vou tocando a banda mesmo assim. Vou usando
roupas largas que não me definem muito, tecidos macios e elásticos que não me
incomodam nem marcam o corpo e casaquinhos “caso esfrie”.
E assim vou dando mais uma volta ao redor do sol devagar,
sem pressa , apreciando o que há de mais bonito pelo caminho, orando com os que
sofrem e assim a vida vai passando...
Parabéns duplamente, Clotilde: pelo aniversário e pelo texto! Um grande abraço.
ResponderExcluirSeilá porque isso passou pela sua cabeça agora; para mim, você nunca esteve tão bonita, tão mais bem resolvida, com uma aura e uma paz tão boas. Os anos lhe fizeram muito bem, Clotilde, você é que não está percebendo <3 <3 <3
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