Ésta é a minha singela colaboração em homenagem a semana da criança.
Dona Centopeia.
Dona Centopeia saiu naquele dia muito apressada porque queria chegar ao shopping
bem na hora em que este abriria as portas ao público, para aproveitar bem o dia todo fazendo compras.
Sempre que tinha algum dinheiro sobrando saia para comprar
sapatos de todo o tipo, sapatos altos e baixos, tênis, botinhas, sandálias,
chinelos, tamancos, pantufas e tudo o mais que encontrasse para calçar. Sem
falar que deixava muito louco qualquer vendedor, porque provar 50 pares de
calçados não era fácil e ainda mais de vários modelos.
Quando era confortável, ela não gostava da cor, quando
a cor agradava, não gostava do modelo. Quando gostava da cor e do modelo, um
enfeite qualquer, um lacinho ou botão que achasse feio, ela já não queria mais.
Isso quando não era muito alto ou muito baixo ou apertava o dedinho.E lá ia a Dona Centopeia passeando pelo shopping de loja em loja de calçados.
- Eu vou levar esse aqui mocinho, faça o favor de embrulhar 20 pares na cor caramelo e 20 pares de salto alto na cor azul, ah e vou levar 10 pares de tênis cano alto de cores diferentes, cinco pares na cor rosa e cinco pares na cor marrom.
Falava ela com a voz trêmula e delicadamente como era seu modo de falar enquanto experimentava o 18º par de calçado naquela loja lá pelo meio da tarde. O vendedor que a atendia suava por todos os poros, mas mantinha sempre o sorriso no rosto.
-Sabe o que é meu filho? Comprar calçados para mim é um problema; uns pés têm calos, outros joanetes, outros têm unha encravada, alguns eu acho muito feios e a maioria doem mesmo.
Falava ela candidamente para o vendedor.
Então tento distribuir calçados confortáveis da melhor maneira.
O mais engraçado é que ela usava ao mesmo tempo 10 pares de sapato mocassim bege na parte da frente, depois mais 10 pares de botinhas de cano curto na cor pinhão. Em seguida 10 pares de tamancos de saltinho na cor vermelha, 10 sandálias de salto anabela, e finalmente 10 pares de tênis com solado para caminhada porque ninguém é de ferro.
Completando a indumentária, um chapeuzinho delicado com flores e fitas e ainda carregava uma bolsinha de cor vermelha à tiracolo.
E assim, toda faceira lá se foi embora quase na hora de fechar o shopping, carregada de caixas de calçados de todo o tipo...
Mas que mote inusitado! Muito bom, Clotilde. Criativa demais essa sua crônica. Um grande abraço e parabéns.
ResponderExcluirOlá, bom dia
ResponderExcluir"Caí" aqui por acaso. Andava navegando pela Net e alguma coisa (não sei o quê...) me fez parar e entrar neste espaço.
Vi o post anterior, achei muito interessante, e estou completamente de acordo no que respeita a não transformar os "nossos" cães em árvores de Natal.
Sempre tive cães, ao longo da minha já longa vida (o último deixou-me no dia 25 de Março, depois de ter estado conosco 12 anos) e sempre os tratei o melhor possível, dando carinho e muito amor, mas nunca esquecendo que eram animais (de estimação, sim, mas animais...)
O seu conto da centopeia é adorável! Pus-me a imaginá-la a correr lojas de calçado à procura de 50 pares de sapatos, e lembrei-me que comigo acontece quase o mesmo, e só para comprar um par! Detesto comprar sapatos, porque é difícil encontrar algum par verdadeiramente confortável :)))
Vou me fazer sua seguidora e voltar sempre que possível, pois gostei muito de seu espaço.
Uma boa semana. Beijinhos
Obrigada nova amiga Mariazita. É um prazer tê-la como seguidora do meu espaço. Bjs sabor brigadeiro.♥
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