segunda-feira, 22 de abril de 2019

Ganhou, mas não levou.

                                                   Ganhou, mas não levou!

Otávio saiu apressado, logo cedo, sem me dizer aonde ia e o que pretendia fazer.
Imediatamente dentro da minha cabeça soou o alarme de que alguma “arte” ele estava aprontando, já que a bem da verdade ele andava meio esquisito ultimamente.
A única novidade, que eu poderia até chamar de saudável, é que saía de casa bem antes do amanhecer para correr e ao final da tarde novamente, calçado de tênis de corrida e carregando o cronômetro. E isso começou logo após o Carnaval.
Eu até achei um pouco estranho no começo, pois ele sempre foi preguiçoso, sedentário e dorminhoco, mas não podia negar que era muito bom para a saúde da criatura peluda, que pelos meus cálculos já beira os cinquenta anos (!?), mesmo que durasse pouco tempo valeria a pena.
Hoje, sábado de Aleluia o ritual mudou um pouco, além de sair depois do sol, ainda levou algo na mochila que não quis mostrar e não insisti para ver.
Depois de botar ordem na casa, peguei mais uma caneca de café e fui sentar na minha poltrona favorita, com as costas no sol, fui ler meu jornal físico, hábito que preservo com prazer.
Por volta das 12.30 hs a campainha tocou e estranhando o inusitado fui atender e me deparei com dois policiais trazendo Otávio, todo suado e com os olhos maiores e mais amarelos do que já são.
Antes que eu perguntasse o acontecido o policial me entregou Otávio me explicando que ele só não seria detido por ser um feriado Santo, mas que “este Senhor peludo” merecia um castigo exemplar.
Sem conseguir piscar e nem fechar a boca de espanto ouvi do policial que  em homenagem à Páscoa a cidade estava promovendo entre outras atrações, uma corrida de coelhos e o vencedor ganharia uma medalha e ainda seria agraciado com uma viagem à Pomerode-SC para conhecer “o maior ovo de Páscoa do mundo”, além de comer todos os chocolates de graça que quisesse e pudesse, só que como eu disse a corrida era de coelhos e este senhor muniu-se de um par de orelhas e um rabo de pompom e se inscreveu e o pior, correu e ganhou em primeiro lugar, só que foi desmascarado quando o prefeito foi colocar a medalha no seu pescoço e bateu numa das orelhas falsas que desprendeu-se e caiu esplendorosamente causando um estremecimento e uma consternação geral, quase sendo linchado na via pública.
Ganhou, mas não levou e só não foi detido para não estragar com os festejos da Páscoa.
O que eu poderia dizer depois de ouvir isso?
Agradeci e desejei boa semana a todos enquanto o “criminoso” se escondia nos lençóis...