A Viagem Insólita
O frio e a chuva batendo na janela me levaram a dormir cedo.
Afundei a cabeça nos meus travesseiros de penas de ganso, me
cobri com minha mantas macias, adormeci como um bebê e sonhei que viajava num
submarino, ou numa nave das profundezas do oceano.
Para melhor apreciar me sentei bem à frente, diante de uma
enorme janela, na esperança de ver muitos peixes e até, por que não?, um
monstro marinho com tentáculos e olhos enormes, ou talvez um olho só como
aparecem nos filmes?!
Bem, já comecei achando que a viagem era mais escura do que aparecem
nos filmes, talvez o holofote à minha frente não fosse dos melhores, de boa
qualidade e potência de foco, dai que fiquei mais atenta ainda ao que via mesmo
o cenário não me agradando e a cada centímetro que avançávamos fui ficando cada
vez mais desestimulada a continuar aquela aventura sinistra.
De repente dei de cara com uma ervilha e logo atrás um grão
de milho que me pareceram enormes. Tudo
boiando num caldo semi transparente, de cor indefinida.
- Zeus! - gritei. Devo está num planeta de gigantes. - pensei.- Mas continuamos a missão e vi também um grão
de feijão, uma uva passa e uma folha de salsinha baterem no visor. Dai foi
demais e me recusei a continuar. Então pedi
aos gritos que parassem a viagem que eu queria descer, até porque um alto
falante avisava aos berros que a nave estava saindo do estômago e
continuaríamos seguindo o roteiro, primeiro
passando pelo lado da vesícula biliar, que por sinal ostentava uma pedra que
mais parecia uma pérola, e depois seguiríamos viagem em direção ao duodeno ou
seja lá o que for que vem depois.
É claro que acordei em desespero e fui correndo tomar um sal
digestivo, pois acho que alguma coisa que comi no jantar não me caiu bem...