Quem sou eu

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Tenho mais de setenta anos, mãe de quatro e avó de seis, bisavó de dois e uma saudade eterna. Leonina humor sarcástico e irreverente. Gosto de ler, escrever, pintar, costurar, fotografar, não necessariamente nessa ordem. Gosto de observar e ouvir pessoas, suas histórias de vida que para mim são sempre interessantes e ricas de ensinamentos e só aumentam o meu conhecimento com respeito a viver. Acho bom e interessante olhar a nossa volta. É sobre isso que gosto de escrever.Gosto de cinema, assistir seriados na TV, teatro, viajar,passear,viajar,passear... conhecer lugares e bater papo sem compromisso. Gosto de olhar o mundo com olhos curiosos de quem acabou de chegar e quer se inteirar do que está "rolando".O nome escolhido "Espírito de Escritora" não tem a pretensão de mostrar aqui "grandes escritos" tirados das entranhas da sabedoria mais profunda e filosófica de alguém "letrado" ou sábio. Simplesmente equivale a dizer "escrever com alegria","escrever com espirituosidade".Tudo o que escrevo já está escrito dentro de mim, do meu eu mais profundo, só boto para fora... sei lá... Este é um lugar de desabafo e de reflexões minhas."Os bons que me sigam". (sabedoria do Chapolim Colorado)

quinta-feira, 13 de julho de 2017

Lembranças Não Gratas

                                       Lembranças Não Gratas
Logo que o despertador tocou antes das seis horas e abri os olhos, me deparei com Otávio e seus grandes olhos amarelos de pé parado ao meu lado.
Eu não me lembrava de ter colocado o relógio para despertar...
O silêncio era significativo naquele olhar fixo em mim e parecendo não muito amistoso, quase enigmático.
Quando o meu cérebro pegou no tranco e pude concatenar algumas idéias me dei conta que talvez tivesse novamente esquecido algo que combinamos, para variar...
E agora? O que será que me esqueci dessa vez?
Enquanto pensava fui afastando as cobertas, me levantando e me dirigindo ao banheiro para tomar um banho e acordar de vez. Em seguida voltei para o quarto vestida com meu roupão de estampa "camuflado", para arrumar a cama enquanto tentava lembrar para onde combinamos ir, pois disso dependia a escolha do que vestir.
Olhei para ele que olhava pela janela aberta com olhar perdido no horizonte e notei que se vestia com uniforme completo da Seleção Brasileira de Futebol com a chuteira rosa e tudo. Isso me deixava cada vez mais encafifada.
Continuei sem entender bulhufas do seu silencio, a roupa escolhida para aquele dia e  sem entender nada mesmo me dirigi para a cozinha, ver se tomando café a memória voltava.
Ao chegar encontrei tudo pronto à minha espera... pensei: aí tem coisa e bem esquisita, pensei com as minhas pantufas de patas de tigre.
Eu me sentei em silêncio, até porque nem sabia por onde começar e fui me servindo enquanto ele se sentava na minha frente do outro lado da mesa, foi ai que me dei conta do seu olhar triste e úmido, olheiras fundas de quem nem dormiu direito.
Quebrei finalmente aquele silêncio sepulcral e lhe perguntei com todas as letras, qual era a do dia e ele me respondeu perguntando como eu podia ser assim tão desnaturada que não recordava um dia como aquele.
Sinceramente não, não me lembrava de nada lhe respondi, mesmo lhe ocultando que desconhecia em que dia e mês estávamos, após vasculhar minhas gavetas mentais, enquanto me servia de mais uma torrada com geleia.
E ele então, após engolir em seco me falou com a voz embargada que era o dia da triste lembrança em que o Brasil perdeu para a Alemanha de 7X1.

Só não voltei para dormir porque já havia arrumado a cama...

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