segunda-feira, 2 de julho de 2012

22 minutos

A partir do momento em que subi os degraus do ônibus naquela tarde percebi logo que havia algo diferente no ar, não sabia o que mas que tinha, isso tinha.
Havia uma agitação anormal, uma inquietação, uma energia pesada e negativa sei lá. Algo ruim.
Num primeiro impulso quis descer no ponto seguinte, porém desisti por falta de tempo até descesseria, porém iria me atrasar e não podia, sem falar na garoa fina que caia fria e insistente ia molhando tudo.
Resolvi então me sentar no único lugar vago bem no meio do corredor sob os olhares curiosos e silenciosos dos muitos passageiros que se amontoavam para trás.
Ao sentar-me percebi que aquele lugar não estava vago à toa. É que ao lado estava sentado um homem estranho, não que ele fosse especificamente de uma raça ou cor, mas se parecia muito com o que costumamos rotular de alienígena. Meio cinza azulado, orelhas bicudas, olhos pretos e grandes. Foi ai que entendi o porquê do comportamento dos outros passageiros, silenciosos e envolvidos numa energia estranha. Por algum motivo não conseguiam descer do ônibus.
Por um momento senti pena do homem que deveria estar muito constrangido pela situação, então resolvi permanecer sentada ao seu lado mesmo depois que um arrepio percorreu toda a minha espinha, espalhando um gelo estranhíssimo pelo corpo.
Procurei olhar as mãos do homem, mas ele estava de luvas de couro com cinco dedos e que ficavam parcialmente escondidos sob o jornal dobrado. Eu poderia jurar que só possuía quatro dedos longos em cada uma delas, mas não posso garantir. O Jornal era estrangeiro de uma língua bem diferente entre o russo, o grego e o árabe. Mesmo dobrado pude observar parte da figura do globo terrestre em azul, o nosso planeta.
Finalmente chegou a parada onde eu desceria. Sai do ônibus pensando onde será que o homem misterioso desceria? Será que iria até o ponto final? Porque ele era tão esquisito, tão misterioso e porque a energia que emanava era tão forte que quase vibrava, formando um campo de força tão intenso que causava um estranhamento geral?  Não conseguia parar de pensar e de me fazer tantas perguntas sem respostas.
Já estava deitada na cadeira do dentista que me atendia e não conseguia parar de pensar, pensar e pensar quando de repente apagou tudo, acabou a energia elétrica. Os telefones ficaram mudos e segundo informação da secretária e pôde-se observar, foi um apagão geral e tudo que era elétrico ou eletrônico ficou “mudo e morto”.
Passados 22 minutos todos os aparelhos ligaram ao mesmo tempo e muitas campainhas, sirenes e alarmes dispararam enlouquecidamente.
Ao sair do consultório comecei a ouvir comentários por toda a parte sobre o misterioso acontecido, parecia que a terra parou, mas o mais intrigante foi a notícia que veio no dia seguinte que o ônibus 228 das 13.30horas havia desaparecido com todos os passageiros que estavam dentro, na hora do apagão. Ninguém sabia contar o que houve de verdade. As notícias eram contraditórias.
Eu também não sei dizer o que houve, mas posso garantir que o sumiço tem a ver com o homem alienígena e muito misterioso que estava naquele ônibus...

2 comentários:

  1. Oi, Clotilde. Gostei do relato e desse seu lado ficcionista, pouco explorado. Dê mais asas a esta sua prodigiosa imaginação! Um grande abraço e parabéns.

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  2. Ahahaha... ainda bem que você pediu pra sair, heim, Clô? Senão a gente ia ficar sem a história...eheheheeheh

    Boa :)

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